O espumante é um dos tipos de vinhos mais democráticos. Tem para todos os gostos, todos os teores de açúcar (sem fazer feio), todas as cores, todos os bolsos e acompanha todos os tipos de refeição (da entrada à sobremesa).
Destaquei aqui 12 fatos e curiosidades sobre espumantes, mas antes de começar vou colocar a definição de espumante:
É o vinho cujo anidrido carbônico provém exclusivamente de uma segunda fermentação alcoólica do vinho e com teor alcoólico de 10% a 13% com uma pressão mínima de 4,0 atmosferas a 20ºC.
#1 Existem 3 métodos para produção de espumante
Para obter um espumante, o vinho base deve ser fermentado para a formação da perlage (aquelas bolhas do espumante). Essa segunda fermentação pode ser feita de dois métodos:
Champenoise
Também conhecido como método tradicional ou clássico, a segunda fermentação ocorre na garrafa.
Charmat
A segunda fermentação ocorre em tanques de inox e só depois é envasado. Em algumas literaturas esse método é chamado de Chaussepied.
Asti: Uma única fermentação
O método Asti é uma variação do método Charmat, mas consiste em uma única fermentação, gerando álcool e perlages de uma só vez.
#2 Nem todo espumante é Champagne (ou Prosecco)
Vamos começar já dizendo que nem tudo que borbulha é Champagne ou Prosecco. É muito comum usar os termos “champanhe” e “prosecco” para falar de um espumante. Vamos esclarecer algumas coisas:
Champagne
O Champagne é o espumante feito em Champagne (região da França) pelo método tradicional (champenoise) com as uvas permitidas em Champagne: Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunieur. Outras 4 uvas são permitidas (Arbane, Petit Meslier, Pinot Blanc and Pinot Gris), mas estas representam menos de 0,3% da produção de uvas de Champagne.
Prosecco
O Prosecco é o espumante feito no Vêneto com a uva Glera, também conhecida por Prosecco. É feito pelo método charmat.
Cava
O Cava é o espumante da região de Penedés com as uvas Macabeo, Xarel-lo e Parellada. É feito pelo método tradicional. Falei um pouco sobre um cava nesse post aqui.
#3 Não é “A” Espumante e sim “O” Espumante
É comum ouvir “Vou tomar UMA espumante”, mas o correto é UM espumante, substantivo masculino.
O Volp traz champanhe como substantivo masculino e feminino, portanto é permitido dizer “O” champanhe ou “A” champanhe.
#4 Espumantes brancos podem ser feitos de uvas tintas
Uma das uvas de Champagne é a Pinot Noir, uma uva tinta. Um espumante branco pode ser feito 100% com a uva Pinot Noir. O termo usado para um espumante feito com uvas tintas é Blanc de Noir.
#5 Blanc de Blancs é só com uva branca
Quando encontrar um rótulo com a descrição Blanc de Blancs, se trata de um espumante branco feito exclusivamente com uvas brancas. Em geral, esses vinhos são produzidos 100% com a uva Chardonnay.
#6 É um tipo de vinho que vai bem do começo ao final da refeição.
Harmonizam da salada à sobremesa.
Não é uma regra, mas uma sugestão da ordem poderia ser:
Entrada: Brut/Nature elaborado pelo método Charmat.
Prato Principal: Brut/Nature elaborado pelo método Champenoise.
Sobremesa: Moscatel (são elaborados pelo método Asti).
Observação: para “harmonizar” vai depender muito dos pratos escolhidos.
#7 A pressão de uma garrafa é superior a 4atm
Um dos fatores que classifica um espumante é a pressão, que deve ser acima de 4 atm. Uma pressão de 4 atm pode causar um bom estrago, por isso, cuidado ao abrir uma garrafa de espumante. A gaiola, aquele arame que segura a rolha, está lá justamente para a garrafa não expulsar a rolha, então, a partir do momento que a gaiola é retirada, a atenção deve ser redobrada para evitar acidentes.
Para ter uma ideia do que é 4 atm:
Panela de pressão de 4 litros: 2,0 atm (temperatura acima de 100 graus Celsius)
Pneu de caminhão: 4 atm (depende do pneu).
Não precisa se apavorar, mas é bom manipular com cuidado. Não aponte a garrafa em direção às pessoas, animais, objetos (cuidado com lâmpadas e lustres!!).
#8 Em geral, o espumante não é safrado
Você já deve ter percebido que, geralmente não tem o ano da safra no rótulo do espumante. Isso acontece porque o enólogo faz cortes com diferentes safras para manter o padrão do espumante ano a ano.
#9 O termo Brut encontrado nos espumantes diz respeito ao teor de açúcar
Teor de açúcar do espumante, de acordo com a descrição do rótulo.
Nature: até 3g
Extra–brut: superior a 3g e até 8g
Brut: superior a 8g e até 15g
Sec (ou seco): superior a 15g e até 20g
Demi-sec (meio-seco ou meio-doce): superior a 20 e até 60g
Doce: superior a 60g
De acordo com a legislação brasileira, esses níveis de açúcar devem estar descritos no rótulo.
#10 No Brasil, há um espumante que pode ser chamado de Champanhe
A Vinícola Peterlongo possui um espumante que pode ser chamado de Champanhe. O Recurso Extraordinário 78.835 concedeu de maneira irrevogável o direito do uso do termo Champagne em alguns de seus rótulos. A Vnícola Peterlongo foi a pioneira na produção de espumantes no Brasil, em 1915.
#11 Existem espumantes tintos
Não é muito comum, mas existe. Aqui no Brasil, duas vinícolas já produziram espumante tinto com a uva Merlot: Estrelas do Brasil e Guatambu.
A vinícola Viapiana (Flores da Cunha-RS) acabou de lançar um espumante tinto elaborado 100% com a uva Gamay. A Viapiana é uma vinícola que vende seus vinhos direto para o consumidor final. Tem um post aqui que eu falo sobre comprar vinhos direto das vinícolas.
#12 Os espumantes brasileiros estão entre os melhores do mundo
Pode comprar sem medo! Temos espumantes de todos os métodos (veja item #1), todos os teores de açúcar (item #9) e todas as cores (#11). Recebem vários prêmios mundiais e são elogiados mundo afora. Não tenha medo de comprar espumantes nacionais baratos, temos excelentes opções, aliás, fiz um post com 10 espumantes nacionais por até R$50. Se você não sabe por onde começar, vale a pena conferir.
Garibaldi é conhecida como a capital nacional do espumante.
Farroupilha é a capital nacional do Moscatel.
A Região do Vale do Rio São Francisco produz excelentes espumantes.
Fonte: Vinho Básico/ Foto: Divulgação