O 2º Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa realizou, na noite de terça-feira (08), a premiação dos 56 melhores vinhos selecionados. A solenidade ocorreu no auditório da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves.
Em sua segunda edição, o concurso tem como objetivo mostrar ao mercado nacional o salto de qualidade que esse produto vem dando ao longo dos últimos anos, através de intenso investimento e dedicação por parte de seus produtores.
Durante três dias, todos os vinhos inscritos foram degustados e analisados por um corpo de jurados profissionais, seguindo as regras internacionais de degustação.
Para a CEO da empresa Market Press e organizadora do evento, Zoraida Lobato, a premiação vem coroar o tipo de vinho mais consumido no país.
“O vinho de mesa representa 80% do vinho consumido e vendido no Brasil e as pessoas tendem a virar as costas para esse mercado. O concurso vem para premiar e destacar o produtor que está investindo na qualidade desse vinho que agrada o paladar do brasileiro”, destaca.
Uma das vinícolas agraciadas na noite de premiações foi a Casa Martins, localizada em Jundiaí-SP. Segundo o proprietário da marca, Amarildo Martins, o reconhecimento é fundamental para a comercialização do produto. “Essa premiação eleva e valoriza os nossos produtos. Esse tipo de reconhecimento faz com que clientes e consumidores venham buscar e saber mais sobre os rótulos premiados. Então, temos que valorizar esse prêmio e divulgar o vinho de mesa que é o mais consumido no país”, comemora
O jornalista especializado em vinhos, Irineu Guarnieri, que também foi jurado do concuros, defende uma campanha única dos vinhos brasileiros, sem distinção de entre Finos e de Mesa.
“Essa fama de primo pobre dos vinhos de mesa ficou no passado, nesse concurso a gente tem sido surpreendido com o crescimento da qualidade deste mundo. Hoje, está se aplicando ao vinho de mesa toda tecnologia que se aplica ao vinho fino e com isso tem se obtido vinhos muito bons. O vinho de mesa tem uma importância histórica, cultural e, principalmente, social, muitas famílias vivem dele. Tecnicamente, esse vinho não apresenta mais problema, a questão agora é convencer as pessoas que esse vinho é bom. Agora é hora de marketing e trabalhar essa perspectiva”, destaca.
O evento contou com o apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Consevitis RS – Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul, da Fecovinho – Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul, do SindVinho – MG e Sindivinho -RS e da Embrapa Uva e Vinho.
Confira os vinhos de mesa que conquistaram a Medalha Grande Ouro:
Campino Tinto Suave Seleção, da Casa Geraldo Ind. Vitivinícola, Andradas (MG)
Casa Velha Reserva Nobre BRS Vitória, da Vinícola Vale do Gongo, Grão Mogol (MG).
Collina Branco Seco, da Cooperativa Nova Aliança, Serra Gaúcha (RS)
Cortês Branco Seco Niágara, da Vinícola Panceri, de Meio Oeste (SC);
Galiotto Tinto Suave, da Vinícola Galiotto, Serra Gaúcha (RS)
Girola Rosé Suave, da Vinhos Girola, de Nova Trento (SC)
Jota Pe Branco Suave, da Vinícola Perini, Serra Gaúcha (RS)
Jurupinga, da Vinícola Casa Martins, JundiaÍ (SP)
Pérgola Tinto Seco, da Vinícola Campestre, Serra Gaúcha (RS)
Pérgola Tinto Suave, da Vinícola Campestre, Serra Gaúcha (RS);
Pérgola Tinto Suave Bordô, da Vinícola Campestre, Serra Gaúcha (RS);
Quinta Moraes Bordô Rosé, da Vinícola XV de Novembro, São Roque (SP)
Rosé de Bordô do Nono, da Vinícola Zanrosso, Serra Gaúcha (RS);
Qual a diferença entre os vinhos Finos e de Mesa?
O vinho fino é produzido com uvas selecionadas em regiões específicas, chamadas de Denominação de Origem Controlada (DOC). Nessas regiões, as condições climáticas e o solo são ideais para o cultivo de uvas de alta qualidade. Além disso, o processo de produção é mais rigoroso, com atenção especial ao cuidado com as uvas e à fermentação.
Os vinhos finos são conhecidos por sua complexidade e elegância, com aromas e sabores intensos e bem definidos. Eles podem ser tintos, brancos ou rosés e são normalmente envelhecidos em barris de carvalho antes de serem engarrafados.
Já o vinho de mesa, por sua vez, é produzido com uvas mais comuns e cultivadas em regiões que não possuem a designação DOC. O processo de produção é mais simples e menos rigoroso, resultando em um vinho mais simples e descomplicado. Eles podem ser uma fonte de confusão para muitos consumidores. É comum associá-la a vinhos de baixa qualidade ou produzidos com uvas de mesa, destinadas ao consumo in natura ou para sucos. No entanto, essa relação nem sempre é verdadeira.
A classificação “vinho de mesa” é comum em vários países europeus para denominar vinhos de menor qualidade, e para não se renderem à burocracia das regras impostar pela legislação, alguns produtores adotaram essa classificação. Esses vinhos são produzidos com variedades Vitis vinifera e, por isso, podem ser de boa qualidade. Um exemplo disso são os vinhos conhecidos como “Supertoscanos“, que foram inicialmente chamados de vinhos “fora da lei” por não seguirem tais regras.
A legislação brasileira não especifica qual espécie de uva deve ser usada na produção de vinhos de mesa. No entanto, para garantir que está consumindo um vinho elaborado com alguma variedade Vitis vinifera, é importante verificar se o nome da uva ou as expressões “fino” ou “de Viniferas” estão no rótulo ou contrarrótulo, conforme o artigo 9° da Lei n° 10.970/04.