Sempre foi muito mais do que uma simples prática esportiva: inserir o ciclismo na rotina e, de forma especial, em momentos de lazer tem sido um hábito condutor de estilo de vida – e que agrega um número cada vez maior de adeptos. Sabidamente, atividades físicas são indutoras de qualidade de vida e bem-estar físico e mental. Assim, assumir um lifestyle esportivo é um momento transformador na vida de quem decide agregar a bicicleta de modo definitivo ao dia a dia.
Pedalar, conhecer novos lugares e interagir com pessoas que seguem essa mesma linha de pensamento e comportamento são possibilidades que levam ciclistas de diferentes nacionalidades a cruzarem fronteiras e descobrirem novos territórios por meio das bikes. Esse desejo é justamente compreendido e materializado por eventos ciclísticos que oferecem ao praticante a experiência de vivenciar o ciclismo em seu contexto totalizado – a exemplo das etapas globalmente difundidas do GranFondo New York (GFNY), que no Brasil retoma sua realização em Bento Gonçalves-RS, no dia 16 de outubro.
A ideia é aproveitar os percursos com leveza e diversão e experienciar tudo o que a região sede da etapa tem a oferecer ao cicloturista. Atletas amadores e profissionais aprovam e adotam a proposta dessas provas como motivação extra para seguir pedalando. Esse é o caso do renomado ciclista paulista Ronaldo Martinelli. Com a carreira consolidada ao longo das mais de duas décadas de pedal, tanto como atleta profissional quanto atuando no treinamento de novos praticantes, ele entende que, a partir da experiência em provas ao redor do mundo, a prática do ciclismo como lifestyle é uma tendência entre os ciclistas – especialmente daqueles que participam de provas como o GFNY. “A maioria dos atletas busca competições bem organizadas, que tenham boa chancela e, ao mesmo tempo, uma estrutura hoteleira de acordo, com bons restaurantes, onde o ciclista possa compartilhar o desafio ao lado da família”, pontua.
Martinelli enaltece a realização da etapa na Serra Gaúcha, visto que encontrar essas condições favoráveis, citadas por ele, é algo raro no Brasil. “Achei a escolha da cidade excelente por ser muito parecida com algumas regiões da Europa, onde o ciclismo é tradicional. Além disso, paisagens lindas, variação de terreno (como temos na Strade Bianche), percursos com subidas e estradas bem asfaltadas são fatores imprescindíveis para o ciclista que busca essa experiência”, destaca. Dessa forma, ele, que já esteve em mais de 80 provas internacionais (contando etapas do GFNY na Itália, França, Espanha, Croácia e Estados Unidos), considera que participar de eventos desse nível é uma forma de motivar o atleta. “Cada local possui um desafio e é sempre legal pedalar em lugares desconhecidos, a fim de aproveitar as paisagens e os trajetos que cada região proporciona”, afirma.
Exemplo a frente da etapa brasileira
O GFNY Bento Gonçalves deve reunir atletas gaúchos e de outros estados brasileiros, como é o caso de Martinelli, e também estrangeiros. A proposta do ciclismo como forma de aliar o desbravamento de novos lugares com a prática do esporte é o principal motivo que leva praticantes a se deslocarem internacionalmente em nome dessa paixão pelo pedal. O maior exemplo disso vem justamente de um dos idealizadores da etapa no país: o português Américo Silva.
Ex-ciclista profissional e treinador que conquistou a única medalha olímpica do ciclismo de estrada por Portugal (nas Olimpíadas de Atenas, em 2004), Américo escreveu uma rica história na modalidade em seu país. Agora, busca se tornar, no Brasil, mais um grande incentivador do ciclismo. “Participar de provas como o GFNY fortalece o vínculo criado com o esporte. Muitos atletas amadores têm a frustração de não ter se tornado profissionais, então participam dessas provas pela experiência que proporciona e, acima de tudo, por prazer”, comenta.
A paixão que começou, em competições, aos 10 anos de idade deixa clara uma relação que o acompanha ao longo da vida. “O esporte abre os horizontes, nos motiva a adotar hábitos saudáveis e permite contato com diversas pessoas, idiomas, culturas. É uma escola de vida”, relata. Por isso, a escolha de Bento Gonçalves como sede da etapa no país é um reforço no compromisso de potencializar essa realidade positiva ao ciclismo brasileiro. “Fatores como acolhimento, paisagens, boas estradas, hotelaria e suporte turístico nos deram as condições necessárias para trazer um evento desta envergadura ao Brasil”, conta.
Incentivo ainda maior para quem pedala na região
Se para atletas de outros estados brasileiros uma etapa nacional do GFNY já é uma grande notícia, para os ciclistas bento-gonçalvenses o evento certamente pode representar uma virada de chave no modo como a região enxerga a modalidade – permitindo que muitos dos potenciais ciclistas também adotem o esporte como estilo de vida.
O ciclista Orlando Isidoro Baú, de 42 anos, é um exemplo de como a prática esportiva é capaz de transformar realidades, sendo acessível aos mais diferentes tipos de condicionamento físico. Gerente de produção na área metalmecânica, pratica ciclismo de estrada há três anos. “Comecei a treinar pois pesava cerca de 130kg. Iniciei na natação e me interessei pelo triatlo, por isso adquiri a bicicleta. Desde então, aprendi que ciclismo te traz uma disciplina, controla ansiedade, mantém o peso e te ensina a se alimentar adequadamente. O ciclismo esvazia a cabeça, pois te ocupa com a concentração necessária durante o percurso”, comenta.
Embaixador do GFNY Bento Gonçalves, ele percebe a realização da etapa na cidade como marco capaz de deixar um legado importante para a microrregião. “Mais respeito ao ciclista, abrindo os olhos da própria comunidade e das lideranças políticas para a importância desse esporte e para que mais adeptos, na região, possam se unir a esse esporte tão transformador. É isso que esperamos”, enfatiza.
Já para quem conhecerá Bento Gonçalves pela primeira vez, Baú também deixa uma dica bem bacana. “Aproveite os excelentes restaurantes de comida italiana, visite as premiadas vinícolas e deguste os vinhos e espumantes que temos em Bento Gonçalves e região”, convida.
Saiba como será o GFNY Bento Gonçalves
Dentro de um circuito de provas de resistência considerado um dos mais difíceis do mundo, a etapa brasileira do GranFondo New York terá dois tipos de percurso. No longo, de 141 km, a altimetria – contabilidade da distância vertical entre os pontos de partida e chegada – será de 3.152 metros. Na versão mais curta, cujo percurso será de 80 km, o ganho de elevação chegará a 1.526 metros. A largada será às 7h, dia 16 de outubro, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves.
Todos os participantes largam ao mesmo tempo e contam, durante o trajeto, com um suporte que vai de atendimento mecânico e médico às estações de alimentação e hidratação. Os resultados são baseados em tempo total, com premiação para os vencedores e pódio dividido por grupos etários. Os campeões gerais, feminino e masculino, receberão como prêmio uma viagem completa para New York, com direito à participação no encontro que deu origem ao GFNY. A organização do evento, cujas inscrições estão disponíveis pelo site bento.gfny.com, é da Global Sports Eventos Esportivos.
Prato cheio para o turismo de experiência
Combinando esporte e turismo, o evento é um convite para desbravar a charmosa microrregião Uva e Vinho do Rio Grande do Sul. O percurso do GFNY Bento Gonçalves cruza seis municípios da Serra, onde estão localizadas algumas das principais vinícolas brasileiras. Além de Bento Gonçalves (ponto de largada e chegada do circuito), principal destino enoturístico do país, a prova passará por Monte Belo do Sul, Santa Tereza, Garibaldi, Carlos Barbosa e Farroupilha. Em cada um desses municípios, todos colonizados por imigrantes italianos, são evidentes os traços culturais e costumes herdados desse povo europeu, responsável por legar a herança vitícola da região. O turista pode visitar espaços históricos, almoçar e jantar em restaurantes especializados na gastronomia local e se hospedar em excelentes hotéis da região.
Fonte: Exata Comunicação / Foto: Divulgação