Uma equipe de pesquisadores propôs o uso de IA para medir ossos e realizar exames automatizados para uma série de diagnósticos.
IA para medir ossos? Sim, essa nova tecnologia é o que promete revolucionar os exames para dores.
Muitas vezes, incômodos não se relacionam somente com as vértebras ou músculos, especialmente na parte inferior, como joelhos e tornozelos. Nesse caso, as articulações podem estar sofrendo, e isso prejudica o crescimento saudável da perna.
Quando acontece, o corpo todo sofre tentando se ajustar com uma postura menos dolorida e que force menos os outros membros.
No entanto, a pessoa se torna propensa a quedas frequentes devido a uma alteração na marcha, ou seja, na maneira como ela caminha, e isso, mais uma vez, pode estar relacionado ao fato de uma perna ser um pouco mais curta que a outra.
Pensando nisso, uma equipe propôs uma nova tecnologia que utiliza inteligência artificial para medir os ossos dos membros inferiores e as angulações entre eles em questão de segundos.
No entanto, a rapidez do sistema, batizado de Escano, não é sua única vantagem.
Entenda o problema
A condição de ter uma perna menor que a outra é denominada dismetria, conforme explicam especialistas. Ela pode ser congênita ou resultar de doenças que afetam a cartilagem, além de ser uma sequela de traumas.
Isso ocorre porque, em alguns casos, ao consolidar a fratura, o osso pode terminar com uma diferença de alguns milímetros em relação ao seu tamanho original.
Existem situações em que é visível que uma perna está mais curta. No entanto, frequentemente, os pacientes procuram o consultório do ortopedista queixando-se de dor ou problemas posturais, sem perceber a presença da dismetria.
Assim, pernas com comprimentos diferentes podem desencadear complicações ortopédicas.
Escanometria
Mesmo quando o paciente não está ciente de que uma perna não está precisamente alinhada com a outra, o ortopedista suspeita da dismetria através do exame clínico, observando cuidadosamente a coluna, as pernas e a forma como o paciente se locomove pela sala ao ser solicitado a dar alguns passos.
Entretanto, a confirmação do diagnóstico e a orientação sobre o tratamento adequado, seja através do uso de palmilhas para nivelar os membros ou da necessidade de intervenção cirúrgica para aliviar a situação, ocorrem por meio de um exame chamado escanometria.
Contudo, o radiologista, ao realizar esse exame, não mede apenas o fêmur. Ele verifica na régua o comprimento da tíbia e da fíbula, a dupla de ossos da perna.
Além disso, calcula uma série de ângulos entre diferentes pontos de um osso e outro. No total, são 16 medidas de cada lado, seguidas por 16 comparações entre a perna esquerda e a direita.
IA para medir os ossos
Especialistas que cuidam da nova tecnologia destacam que é possível trazer a automação para esse exame, sendo usada a IA para medir ossos.
Na área da saúde, alguns procedimentos são particularmente propícios à automação, pois, de um lado, essa abordagem aprimora o ambiente de trabalho ao eliminar tarefas repetitivas.
Assim, a escanometria utiliza apenas um raio X por paciente. Portanto, para os pesquisadores, essa quantidade tornou mais viável o desenvolvimento de um algoritmo.
Na prática, além da rapidez, usar IA para medir ossos proporciona uma consistência maior nos resultados. Isso ocorre porque, nos exames de imagem, sempre há um elemento de interpretação, especialmente quando envolve pontos diferentes que o radiologista deve marcar.
Assim, ao analisar um raio X hoje, a marcação pode ser diferente de amanhã. Com a inteligência artificial, essas variações são minimizadas. Ela tende a realizar a medição de ossos e ângulos da mesma forma, dia após dia — uma consistência benéfica.
Para alguns pacientes, uma diferença de 1 ou 2 milímetros no resultado da escanometria pode não ter impacto significativo.
Em geral, o tratamento cirúrgico é recomendado a partir de uma diferença de 2 centímetros. Pode envolver o alongamento da perna mais curta, a redução da perna mais longa ou até mesmo a inibição de seu crescimento.
Falando em relação ao paciente, aparentemente, nada muda durante a escanometria com IA, que já está sendo realizada regularmente no Einstein. O procedimento em si permanece inalterado.
E é importante esclarecer: o radiologista continua tendo a palavra final, revisando o trabalho da inteligência artificial. Vale mencionar que, em alguns casos raros, o trabalho da máquina pode precisar ser corrigido.
O profissional de saúde continua sendo indispensável, mesmo com inteligência artificial. No entanto, terá mais tempo e menos preocupação com cálculos, concentrando-se nos casos complexos que exigem mais sua experiência clínica do que habilidades com réguas e matemática.
Fonte: UOL
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