Mesmo em um ano desafiador, a cultura do Rio Grande do Sul ultrapassou fronteiras e levou aos quatro cantos do país a resiliência gaúcha. Agora, os artistas envolvidos nos projetos “Nossa Arte Circula RS” e “Circula Sesc – Artistas Gaúchos pelo Brasil”, pensados de forma emergencial durante as enchentes, retornam a suas cidades de origem, após encantarem plateias de 30 municípios pelo Estado e outros 42 pelo Brasil, em uma iniciativa que envolveu centenas de profissionais e um investimento de cerca de R$4 milhões, somando-se aos valores já programados para o ano nas diferentes linguagens artísticas. Os resultados foram apresentados e celebrados pelo Sistema Fecomércio-RS/Sesc em evento realizado na noite desta segunda-feira, 16 de dezembro, na sede da entidade, em Porto Alegre.
Representando o presidente do Sistema, Luiz Carlos Bohn, a diretora administrativa da Federação, Maria Tereza Menegotto, destacou na abertura que “além de uma homenagem a todos que auxiliaram na construção dos projetos, o evento também é um marco para o fechamento de um ano que exigiu muita resiliência, fé, força e esperança”.
Durante o encontro, foram apresentados números que reforçam o impacto deles na economia criativa do Rio Grande do Sul. O “Circula Sesc – Artistas Gaúchos pelo Brasil”, iniciativa do Sesc/RS em parceria com o Departamento Nacional do Sesc que contou com o apoio dos departamentos regionais do Sesc pelo Brasil, mobilizou um total de 286 profissionais, sendo 192 artistas, 64 técnicos e 30 produtores. Foram percorridas 42 cidades de 18 Estados e o Distrito Federal, levando espetáculos de música, literatura e artes cênicas.
“Foi um ano desafiador, sem dúvidas. Contudo, sinto que conseguimos superar todos os percalços e fortalecer ainda mais o compromisso que temos com os artistas gaúchos. Nossas iniciativas valorizam a diversidade e a riqueza cultural dos talentos locais, proporcionando visibilidade e oportunidade de se apresentarem em diferentes regiões do Estado e do país. Além de democratizar o acesso à arte e à cultura, fomentamos a economia criativa e promovemos intercâmbios culturais significativos entre os Estados. Essa circulação de artistas gaúchos por locais como Bahia, São Paulo, Pernambuco e tantos outros fortalece os laços culturais entre as regiões e leva a identidade cultural do Rio Grande do Sul a públicos diversos”, afirma Luciana Stello, Gerente de Cultura do Sesc/RS.
As apresentações atraíram mais de 13.500 espectadores, com destaque para as artes cênicas, que contaram com 6.100 pessoas nas plateias, seguidas pela música, com 5.100, e a literatura, com 2.300 participantes. As cidades contempladas variaram de grandes capitais, como São Paulo e Brasília, a municípios do interior, como Bela Vista do Paraíso (PR) e Araripina (PE). Foram ocupados 137 espaços culturais ao longo do circuito, entre teatros, praças e centros comunitários, promovendo um intercâmbio cultural diversificado.
Os projetos selecionados vieram de 14 cidades gaúchas, incluindo Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria. A iniciativa representou, ainda, um investimento significativo do Sesc em cultura e mobilidade. Foram aplicados R$1,1 milhão em passagens aéreas e R$60 mil em deslocamentos terrestres, além de R$452 mil em hospedagem e alimentação dos profissionais. Os cachês dos artistas somaram R$1,15 milhão.
Voltado para geração de renda de profissionais da área cultural e estímulo da economia local, contribuindo para a sustentabilidade das regiões mais afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, o “Nossa Arte Circula RS” selecionou 180 artistas para rodarem o Estado. Foram 13.426 pessoas que marcaram presença nas 60 sessões realizadas em 30 cidades gaúchas, além de 3.540 participações em atividades formativas.
Vindos de Alvorada, Bagé, Bento Gonçalves, Rio Grande e outros 17 municípios, os projetos selecionados passaram por 197 espaços culturais diferentes. Além do impacto cultural, o “Nossa Arte Circula RS” gerou significativo investimento na economia local. Foram destinados aproximadamente R$150 mil para hospedagem, R$165 mil para transporte em ônibus, com um adicional de R$25,7 mil para deslocamento dos grupos pelo circuito. Em alimentação, o investimento foi de R$109,1 mil. Além das ações pensadas com foco na reconstrução, o Sesc/RS teve como foco também reorganizar a agenda do ano. Alguns eventos tradicionais da instituição, como o Festival Palco Giratório Sesc, por exemplo, tiveram que ser adiados, mas conseguiram ser retomados nos meses posteriores. É o caso também dos circuitos de artes cênicas, música, literatura e as Aldeias Sesc, que tiveram seus investimentos potencializados, aumentando o fomento na cadeia produtiva da área cultural.
Para Luciana, as iniciativas citadas reverberam nas realidades locais e reafirmam a economia criativa como catalisador de receita e renda. “Além de mantermos nossos artistas realizando suas funções de maneira remunerada, injetamos uma quantia significativa na economia de dezenas de municípios gaúchos, comprovando o impacto positivo da cadeia produtiva da economia criativa na realidade local das cidades, muitas delas em recuperação após as enchentes. Para o Sesc/RS, investir em projetos como estes significa acreditar na força da arte como ferramenta de transformação e integração social”, finaliza.