Foto: Cena do curta A Menina e o Pote

Com direção e produção de Valentina Homem, o filme de curta metragem “A Menina e o Pote” terá sua estreia mundial no Festival de Cannes. O curta em animação será exibido na mostra competitiva da Semana da Crítica, e terá sua primeira sessão no dia 21 de maio, às 14h15 e às 20h (horário local), no Cinéma Miramar.

O curta parte de um conto escrito pela própria cineasta em 2012, um parábola que nasceu de uma tentativa catártica de traduzir experiências do início da vida adulta. “Alguns dos símbolos que organizam a narrativa são metáforas de episódios bastante íntimos: o pote, o seu rompimento, o vazio que o preenchia, a perda de contornos, a busca por uma tampa e a integração final com o vazio dentro do pote. Anos depois, eu estava investigando a cosmogonia ameríndia e fazendo experiências com Plantas Sagradas Amazônicas, e percebi como a trajetória da Menina espelhava, de alguma forma, a de uma iniciação xamânica. Quando começamos a fazer o filme, decidi imbuir a história com símbolos que enraizassem a menina na cultura ameríndia.”

Para transformar isso em filme, Valentina contou com a consultoria da antropóloga indígena Francy Baniwa, e o roteiro, além delas duas, teve a colaboração, também, de Nara Normande, Tati Bond e Eva Randolph.

A história foi construída com referências à cosmologia Baniwa e também algumas influências da mitologia Yanomami, conforme descrito no livro seminal de Davi Kopenawa Yanonmi, A Queda do Céu. A realização do filme foi colaborativa durante todo o processo. Nara Normande foi a diretora de animação e Eva Randolph editou o filme. Tati Bond foi responsável pela direção artística e foi a única animadora do filme, assumindo a função de codiretora de Valentina.

O filme utiliza a técnica de pintura sobre vidro, que reflete a jornada da Menina, que está em constante transformação, materializada na fluidez, fusão e perda de contornos da animação. A escolha da técnica se deu, principalmente, pela possibilidade de trabalhar com traços, que são explorados em um crescendo: nos dois primeiros atos são dadas pistas sobre o que predominará no terceiro ato – uma metamorfose permanente que conecta tudo em um único todo.

“O filme é fruto do nosso sonho coletivo: sonhar com a floresta, ser floresta – resgatar memórias ancestrais, que conservam também o que está por vir. As mitologias ameríndias, ao contrário do pensamento ocidental, não concebem um mundo sem nós, por isso penso no nosso tempo como uma era pré-cosmogónica, mas é urgente reflorestar os nossos imaginários – E espero que o filme possa ser um portal para uma futuro possível”, conclui a diretora.

Cartaz

Sinopse
Em um mundo distópico, uma menina quebra o seu pote, objeto que guarda um segredo em seu interior.  A quebra do pote abre portais para universos paralelos e a menina adentra um tempo de transformação em que a criação de um novo mundo é finalmente possível.

Ficha Técnica
Direção & Produção: Valentina Homem
Roteiro: Valentina Homem, Francy Baniwa, Nara Normande, Tati Bond e Eva Randolph.
Elenco: Francy Baniwa
Gênero: drama
País: Brasil
Ano: 2024
Duração: 12 min.

Confira o trailer: