Adaptar um bicho a um novo ambiente pode ser complicado. Nos primeiros dias, os pets podem ficar reclusos e com medo. Um comportamento típico de quem demonstra medo ao chegar em um novo lar. Por isso, algumas empresas brasileiras criaram a chamada licença PETernidade —junção das palavras “pet” e “paternidade”.
A iniciativa estimula a adoção de cães e gatos resgatados das ruas e contribuem para uma melhor adaptação à nova família. Uma das companhias que aderiu a ideia foi a Ogilvy, multinacional de marketing e publicidade que possui uma sede em São Paulo.
Desde julho de 2021, a agência oferece o benefício de dois dias de folga aos funcionários que adotam um “filho de quatro patas”. A empresa aderiu à licença PETernidade a partir de um movimento criado com a rede de pet shops Petz, que era um de seus clientes na época.
“A intenção foi uma adoção mais consciente. Os pets hoje fazem parte da nossa família, eles saíram do quintal e estão ocupando as nossas camas. As pessoas que adotam um cachorro precisam de tempo e dedicação para se adaptar e acostumar o animal com o ambiente”, explica Raphaela Brito, porta-voz da empresa. Segundo ela, a folga cria também um bom preparo para os tutores, evitando um possível abandono.
Quando fez o processo seletivo para uma vaga na empresa, Ariel Saraiva se interessou pela oportunidade. Ele e a esposa já queriam adotar um cachorro há algum tempo, mas, pela dinâmica do casal —ele trabalha em home office, e a esposa, presencialmente—, a vontade foi sendo postergada.
“A minha parceira já estava nessa busca por um ‘doguinho’, então, quando fiquei sabendo que a empresa oferecia essa licença aos funcionários, foi a primeira coisa que falei para ela. ‘Olha aí, uma oportunidade para a gente’. Se não tivesse essa licença, sem dúvida eu iria demorar mais para adotar um cachorro”, afirma ele, que é diretor de arte.
A adoção de Amarula foi concretizada em junho de 2022. A vira-lata foi resgatada da rua em fevereiro do ano passado e estava prenha. Passou dois meses sob os cuidados de uma organização não governamental, amamentou os filhos e foi castrada, antes de ser colocada para adoção.
“A gente adotou ela no sábado, então eu tirei a segunda e a terça-feira para fazer a adaptação. Nesses primeiros dias, ela ficou bem quietinha, mais deitada. Mas aos poucos foi se adaptando à nova rotina. Eu moro perto da casa da minha avó, então eu levei a Amarula comigo no almoço, e ela começou a passear e a brincar com uma bolinha que tinha. Ela foi se soltando e mostrando um lado serelepe”, conta Ariel.
Passados 10 meses da adoção de Amarula, a rotina da cadelinha já está estabelecida. Uma das atividades preferidas dela são os passeios diários que faz junto aos donos e as doses de atenção que recebe.
Outra empresa que também oferece essa licença aos funcionários é a Vivo. A rede de telefonia móvel aderiu à licença em maio de 2021, quando também recebeu um convite da Petz. A companhia informa por meio de nota que o funcionário que adotar um cão ou gato deve apresentar ao setor de recursos humanos as documentações que provam a adoção para usufruir do benefício de dois dias livres para os cuidados.
“A Vivo enxerga a licença PETernidade como forma de estender o cuidado e a atenção também para os animais de seus colaboradores”, afirma.
Fonte: Folha de São Paulo