O escritor Rafael Farina lança seu segundo livro, Ossos açucarados, que marca sua imersão em uma jornada mais profunda e arriscada em sua produção literária. O livro, disponível para venda on-line (e-book) e na versão impressa, é um salto na dualidade dos sentimentos e sua relação com os ambientes que cercam passagens da existência de qualquer ser humano apaixonado pela vida e suas nuances. O livro sucede Falhas que só existem no Sul, de 2018, e demonstra o processo de maturação de Rafael no equilíbrio de suas influências e em suas tentativas conscientes de correr riscos a partir de sua arte. Com esta nova obra, ele demonstra a potência de seus atributos criativos para se aproximar ainda mais de seu público.
Autor participou do programa Sem Nome da Rádio Serrana AM/FM
O escritor participou na tarde desta quinta-feira (24) do programa Sem Nome da Rádio Serrana AM/FM. Durante conversa com o apresentador Gerson Lenhard, o escritor destacou a inspiração geográfica, que se mistura às experiências de afeto e paixão, é levada às páginas do livro a partir de uma construção que remete ao passado de Rafael e suas vivências em ambientes opostos: das praias de Florianópolis, onde nasceu e passou parte da juventude, à região montanhosa de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, onde residiu.
Estes polos constituem o plano de fundo a uma série de sentimentos que resistem ao tempo e criam uma conexão peculiar com o leitor. “Gosto de explorar as nuances de cada lugar e tentar colocar o leitor em uma posição desconfortável, tentando imaginar, por exemplo, como é a vida de quem mora na praia durante os meses de inverno”, explica o escritor.
A geografia também é destacada em um trecho da apresentação do livro, feita pelo escritor Vitor Necchi: “O poeta, aqui, transita em todos esses mundos, deixando uma sensação de que não pertence a nenhum, ainda que, como bom farsante, sugira intimidade. No entanto, a intimidade que se desvela com maior constância é com a geografia dos vários corpos que, ao final, constituem um só”. A publicação ocorre em parceria com a revista independente Rusga (@revistarusga, no Instagram), criada em 2020 e editada por Davi Koteck e Pedro Dziedzinski.
O livro ganha ainda um traçado especial nesses tempos de isolamento social por remeter o leitor a uma proximidade absoluta do contato com as histórias e passagens do livro. A angústia, seja ela via perspectiva de realização ou frustração, se faz presente nos versos, deixando transparecer a paixão com que o autor encara cada detalhe dos fatos subjetivamente relatados. “O livro fala sobre amor e relacionamentos, porém sempre na corda bamba entre os prazeres e as dificuldades. Não é um livro melancólico, mas honesto”, reflete.
“Desencaixo uma tristeza silenciosa
seu eco não é capaz de atravessar os limites
entre os cantos da tua boca
quando golpeiam meu rosto com outra despedida.”
Rafael Farina em Ossos açucarados