Análise do material revelou tratar-se de um aubrite, classe de origem desconhecida que pode ter origem em outro planeta

Um asteroide identificado anteriormente à chegada à Terra produziu um fragmento de meteorito, chamado 2024 BX1, que foi encontrado perto de Berlim, Alemanha. Os minerais foram analisados por pesquisadores, identificando que tratavam-se de aubrites, tão raros que constituem 80 dos 70 mil meteoritos já coletados na Terra.

Um pedaço de meteorito foi encontrado por cientistas próximo a Berlim, capital da Alemanha. A descoberta é considerada rara e aconteceu no dia 21 de janeiro, pouco depois da meia-noite. O meteorito, chamado 2024 BX1, é proveniente de um asteroide identificado antes mesmo de chegar à Terra.

Segundo o jornal The New York Times, as primeiras análises indicaram que o meteorito é um aubrite, que é um material de origem desconhecida, e que alguns cientistas acreditam que são pedaços do planeta Mercúrio. Esse tipo de rocha é tão raro que constitui apenas 80 dos cerca de 70 mil meteoritos que já foram recolhidos na Terra anteriormente.

“É realmente emocionante”, disse Sara Russell, especialista em meteoritos do Museu de História Natural de Londres, ao The New York Times. “Há muito, muito poucos aubrites.”

O fragmento de meteorito foi detectado por Krisztián Sárneczky, astrônomo húngaro, três horas antes de atingir a atmosfera terrestre.

A rocha teve seu percurso registrado por uma rede de câmeras perto de Ribbeck, um povoado próximo de Berlim. Apesar de a rocha ter menos de um metro de tamanho, ela produziu um clarão brilhante ao chegar na Terra, captado por câmeras de muitas partes da Europa.

Busca por fragmentos de meteorito
O astrônomo estadunidense Peter Jenniskens, da Califórnia, viajou até a Alemanha quando soube do evento. Durante a viagem, ele calculou onde poderia encontrar pedaços do meteorito para que, quando chegasse, ele e estudantes voluntários, pudessem procurar os fragmentos. A busca levou dias, e nada foi encontrado por eles.

No dia 25 de janeiro, porém, uma equipe polonesa de caçadores de meteoritos anunciou o encontro do primeiro fragmento. Os meteoritos não eram pretos, como se esperava após a passagem pela atmosfera, mas sim claros, como as rochas terrestres.

Depois de conseguir esta informação, um membro da equipe de Peter Jenniskens levou mais duas horas para encontrar um meteorito no solo. Em seguida, outros foram encontrados sucessivamente. “Foi incrível”, disse o estudante da Freie Universität Berlin Dominik Dieter. “Encontramos mais de 20 fragmentos”, declarou ao The New York Times.

Origem incerta
Os minerais foram analisados por pesquisadores do Museu de História Natural de Berlim usando uma microssonda eletrônica. Assim foi descoberto que as rochas tratavam-se de aubrites. Essa foi a primeira vez que o material foi recolhido em uma queda localizada.

A origem dos aubrites continua sendo um mistério. O nome vem da cidade francesa de Aubres, onde foram encontrados pela primeira vez. A composição desse tipo de rocha não corresponde a outras fontes conhecidas de meteoritos no Sistema Solar, segundo os cientistas. Algumas análises sugerem que são fragmentos do planeta Mercúrio, mas nem todos os cientistas apoiam essa teoria.

Alguns especialistas explicam que, se os aubrites vieram de Mercúrio, o fragmento descoberto na Alemanha deveria ter tido origem no interior do Sistema Solar. No entanto, o trajeto mostra que ele teve órbita inicial mais larga e fora da órbita da Terra.

Possíveis fragmentos de asteroide foram encontrados perto de Berlim, na Alemanha

“Por isso, este objeto não pode ter vindo até nós diretamente de Mercúrio”, disse Marc Fries, cientista planetário do Centro Espacial Johnson da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa), ao jornal americano.

“Qualquer que seja a origem, os fragmentos do asteroide se revelam cientificamente fascinantes. Tenho certeza que será uma prioridade descobrir qual a sua composição e como se compara com outros meteoritos”, considerou Sara Russell.

Riscos
A observação da rota de asteroides, mesmo os pequenos, antes de atingirem a Terra, é essencial para defender o planeta desses corpos celestes.

Davide Farnocchia, do Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra da Nasa, afirmou ao The New York Times que os objetos menores vindos do espaço passam muitas vezes despercebidos, mas podem causar problemas às pessoas.

Um exemplo é o meteoro de Chelyabinsk, com cerca de seis metros de largura, que explodiu sobre a Rússia em 2013 e deixou centenas de feridos. Conhecer as trajetórias com antecedência poderia dar tempo às pessoas para se colocarem em segurança. “Se fosse possível enviar aviso, ninguém se machucaria”, afirmou Farnocchia.

Fonte: Terra

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