Um novo estudo da China traz um manto tecnológico inspirado na habilidade de alguns animais para permitir a invisibilidade humana.
Um novo manto tecnológico da China poderá revolucionar a física e permitir que os humanos fiquem invisíveis!
Em um estudo divulgado pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), uma equipe de cientistas das universidades chinesas de Jilin e Tsinghua propõe o desenvolvimento de um material híbrido como base para um futuro manto de invisibilidade.
A “metassuperfície” chamada Chimera se inspira nas habilidades de três animais de sangue frio: o camaleão, a rã-de-vidro e o lagarto dragão-barbudo. Com isso, ultrapassa as limitações das camuflagens existentes ao se adaptar a diferentes condições espectrais e terrenos.
No experimento apresentado na PNAS em janeiro, circuitos incrustados entre camadas de tereftalato de polietileno (PET) e vidro de quartzo manipulam ondas eletromagnéticas. Dessa forma, tornam a superfície praticamente indetectável à luz visível, micro-ondas e raios infravermelhos.
Ao unir as habilidades de mudança de cor do camaleão, a transparência da rã e a regulação de temperatura do lagarto, a Chimera tem o potencial de ser empregada em uma vasta gama de aplicações, desde fins militares até observação não invasiva da vida selvagem.
No entanto, um dos desafios enfrentados nesse manto tecnológico foi ocultar o calor gerado pela eletricidade.
Nesse ponto, entraram em jogo os conhecimentos sobre a capacidade do lagarto dragão-barbudo de controlar sua temperatura corporal. Isso porque a Chimera reduz as diferenças térmicas a apenas 3,1ºC, tornando-se “invisível” para tecnologias termográficas.
Foto: Wikimedia
O manto da invisibilidade
Os autores do estudo afirmam que seu trabalho representa um avanço significativo na tecnologia de camuflagem. Eles saem de um cenário limitado a terrenos em constante mudança.
Além disso, marca um grande passo em direção à eletromagnética reconfigurável de nova geração.
O autor principal, Xu Zhaohua, da Universidade de Jilin, enfatiza que é fascinante descobrir que é possível encontrar configurações da metassuperfície Chimera adequadas para todos os cinco terrenos.
Ele se refere a ambientes como deserto, solo congelado, superfície aquática, prado e bancos de areia, em toda a faixa de frequência de interesse.
Estudo antigo
A ideia de invisibilidade aos poucos deixa de ser apenas um conceito retirado das páginas do mito e da ficção científica, e tem despertado o interesse de diversos pesquisadores recentemente.
Em outubro de 2023, o físico da Academia Chinesa de Ciências Chu Junhao apresentou, durante um evento em Xangai, uma grade lenticular capaz de criar a ilusão de invisibilidade.
Este material é composto por fileiras de mini-lentes convexas, que refratam a luz. Dependendo do ângulo, as imagens paralelas a elas são subdivididas e estreitadas, revelando os objetos que estão por trás.
Chu prevê uma variedade de aplicações para essa tecnologia, desde salas invisíveis para maior privacidade até dispositivos de audição ultradiscretos.
Possíveis usos desse manto tecnológico
O desenvolvimento desse manto tecnológico com capacidade de camuflagem e invisibilidade teria uma série de possíveis usos em diversos campos.
Claro, por ser um estudo recente, ainda não se sabe quais os objetivos da equipe chinesa. Contudo, podemos imaginar as possibilidades para essa tecnologia.
Por exemplo, ela pode revolucionar as táticas de guerra, permitindo que soldados e veículos se tornem indetectáveis para o inimigo.
Isso poderia ser usado para se infiltrar em áreas hostis, realizar operações de vigilância discreta ou proteger equipamentos militares de serem detectados por sensores adversários.
Além disso, biólogos e pesquisadores poderiam usar o manto tecnológico de invisibilidade para observar animais selvagensem seu ambiente natural sem perturbá-los. Assim, abriria novas oportunidades para estudar comportamentos naturais e habitats sem interferência humana.
Em ambientes urbanos, a tecnologia de invisibilidade poderia ser usada para criar sistemas de segurança mais eficazes, permitindo que câmeras e dispositivos de vigilância se misturem perfeitamente ao ambiente, aumentando a capacidade de monitoramento sem serem detectados.
Enquanto isso, em situações de desastre natural ou emergência, como terremotos ou incêndios florestais, esse manto tecnológico, e sua regulação de calor, ajudariam pessoas sem recursos.
Posteriormente, o uso da tecnologia de camuflagem e invisibilidade chegaria oficialmente em meios cinematográficos, por exemplo. Cinema, teatro e design são algumas das áreas que poderiam criar experiências imersivas e ambientes interativos conforme o público.
As alternativas são diversas, e mostram como esse manto tecnológico é um passo para o futuro da camuflagem e estudo das propriedades animais e minerais.
Fonte: UOL