“Todos temos um palhaço escondido dentro de nós, só temos que mostrar ele para alguém.” Essa constatação é do farroupilhense Roberto Vilant, mais conhecido como Beto, que há 16 anos é um Médico do Sorriso. Roberto é uma das tantas pessoas que tiveram a vida transformada quando em um momento delicado da vida, de internação hospitalar, foram ‘atendidos’ pelo grupo Médicos do Sorriso.
Nesses quase 20 anos de trajetória a trupe, liderada pelo ator e idealizador do projeto Davi de Souza, hoje com o time composto por 14 artistas, viu ‘ex-pacientes’ se tornarem colegas de profissão. Tudo isso graças à genuína admiração e retribuição à dedicação e carinho que receberam quando estavam internados.
Duas histórias, em especial, representam a força da transformação que doses de alegria podem fazer na vida das pessoas:
O Roberto Vilant, o Beto conta que seu primeiro contato com os Médicos do Sorriso foi saindo da UTI do Hospital da Unimed de Caxias do Sul, em 2005. “Estavam me transferindo para uma unidade semi-intensiva quando fui ‘multado por excesso de velocidade’ pelos palhaços Chico (interpretado por Davi de Souza) e Zão (Jonas Piccoli). Ali começou minha história com os Médicos do Sorriso. Eu tinha visitas diárias deles e ficava esperando ansioso. Nos divertíamos muito. Eles me faziam gargalhar, mesmo passando por um momento ruim, pois tinha perdido minha mãe, não tinha mais o pai, nem irmãos, minha tia era a família mais próxima e me visitava pouco. Então, os Médicos do Sorriso passaram a ser minha família. Eles me adotaram e eu virei membro da família.”
A fotógrafa caxiense Bárbara Küster conheceu os Médicos do Sorriso em 2008, também no Hospital da Unimed de Caxias do Sul, quando tinha 12 anos de idade. Ela fazia tratamento para o câncer. “Ainda não tinha Oncologia Pediátrica, eu era umas das mais novas internadas e, com isso, era um pouco mimada por eles”, brinca Bárbara. Nos três momentos em que esteve internada, foram 4 anos de contato com os palhaços, que levavam alegria para os dias ‘pesados’ de tratamento. “O trabalho que eles desenvolvem é muito animador. Só quem já esteve em hospitais sabe o quanto esse ambiente suga e deixa o paciente para baixo. Receber as visitas deles era um momento de festa”, afirma.
Tanta alegria e carinho que recebeu fez com que a Bárbara quisesse retribuir se tornando, em 2023, integrante da trupe. “Sempre foi um desejo retribuir o que recebi de bom durante todo meu tratamento e sempre fiz isso de outras formas. No início do ano recebi o convite para participar registrando as visitas e fiquei muito feliz de poder, de alguma forma, estar participando de algo que me fez tão bem”, alegra-se Bárbara.
Sobre o Médicos do Sorriso
Criado em 2004 em Caxias do Sul, o grupo Médicos do Sorriso, sob direção de Davi de Souza, começou a traçar uma história de amor e empatia pelo próximo. Após dois longos anos de organização, expectativa e aprimoramento, os primeiros ‘atendimentos’ começaram de segundas a sextas-feiras; manhã e tarde, com turnos de três horas cada. Na mesma época, o projeto até então pioneiro no Rio Grande do Sul, começou a viajar por diversas cidades, mostrando o sucesso da aplicação da humanização do ambiente hospitalar.
As atuações do grupo têm beneficiado milhares de pessoas em todos esses anos. Só em 2022, possibilitou que os hospitais das cidades de Porto Alegre, Flores da Cunha, Farroupilha, Veranópolis, Montenegro, São Leopoldo, Canela e Caxias do Sul recebessem visitas semanais dos artistas, sendo mais de 15 mil pessoas impactadas diretamente.
Atualmente, o grupo Médicos do Sorriso está em atividade no Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul, entidade que atende pelo SUS à população de 49 municípios da Serra. As atividades acontecem duas vezes por semana, nas quartas-feiras (das 9h às 12h) e nas quintas-feiras (das 13h30m às 16h30min).