O Brasil é um dos países que menos consome mel no mundo. Enquanto a média mundial é de 240 gramas de mel per capita por ano, no país, o consumo anual é de um quarto desta média, apenas 60 gramas por pessoa. O uso por muitas vezes é lembrado em preparo de chás, para aliviar sintomas de gripes e resfriados. Especialistas, porém, lembram que o mel pode ser usado para substituir o açúcar em alguns preparos e ainda trazer benefícios para a saúde, como combater os radicais livres, moléculas que podem acelerar o envelhecimento do corpo e levar ao surgimento de doenças.
De acordo com a nutricionista integrativa e chef funcional, Bruna Cutait, o mel tem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antimicrobianas e antissépticas. “Com todas essas propriedades incríveis, o mel auxilia na imunidade aumentando as defesas do organismo, ajuda na manutenção e proteção do sistema gastrointestinal. Com sua função antioxidante atua contra os efeitos dos radicais livres e pode contribuir para o processo de cicatrização do corpo, além de ser uma ótima fonte de energia rápida”, avalia.
Além destes benefícios, explica a especialista, a substituição do açúcar branco pelo mel é uma forma de reduzir o consumo de produtos processados. “Pode ser uma ótima alternativa. Para uma vida mais saudável, é importante ir diminuindo aos poucos o consumo de alimentos processados e refinados, aumentando aqueles não processados e integrais, que possuem 10 vezes mais micronutrientes. Para isso o mel pode fazer parte desta mudança”.
Ela alerta, porém que, no caso de crianças, o alimento só pode ser consumido a partir dos dois anos de vida, pois as crianças e bebês abaixo desta idade ainda não possuem uma flora intestinal preparada para se defender de uma bactéria que está presente no produto e pode causar botulismo. “Fora este ponto de atenção, todos podem consumir mel sim. Caso gostem do sabor e da textura, é possível inserir na alimentação de diversas formas, como receitas doces, saladas ou até mesmo como um adoçante natural. Sempre individualizando as quantidades conforme as necessidades”, disse Bruna.
Para que os benefícios do mel possam ser bem aproveitados, é necessária atenção à procedência do produto, já que o mel é um dos alimentos mais falsificados do mundo. Recentemente, inclusive, a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu um homem que mantinha uma produção clandestina, na qual misturava açúcar no produto e vendia como se fosse natural.
Além disso, especialistas alertam que optar por consumir mel orgânico é essencial para garantir os benefícios à saúde. “Quando o mel não é orgânico não é possível garantir que ele possua as mesmas propriedades e benefícios do produto sem agrotóxicos e pesticidas. Mesmo que apresentem benefícios, o seu consumo pode não valer a pena, dependendo dos ativos que foram adicionados ali”, explica Bruna.
Mesmo os consumidores atentos à procedência e às certificações do mel podem ter dúvidas sobre algumas características do mel orgânico. Assim como outros produtos naturais, é normal que o mel apresente diferença de coloração, que está relacionada ao tipo de flor a que as abelhas têm acesso e à época do ano que é feita a colheita. Outro ponto que costuma deixar dúvida no consumidor é quando o mel muda o seu estado físico e fica cristalizado. Trata-se de um processo natural do produto em função da temperatura e umidade do ambiente.