A naturalidade do cantor e multi-instrumentista Jackson do Pandeiro (1919-1982) foi comprovada graças à pesquisa de Getúlio Ramos de Oliveira Filho, mestrando em História pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), que tem o músico como seu objeto de estudo. A origem do artista era “disputada” pelas cidades paraibanas de Alagoa Grande e Campina Grande, separadas por pouco mais de 50 km. Até chegarem à conclusão de que Alagoa Grande é a cidade do nascimento, Getúlio e seu colaborador, Gabriel Cassiano, levaram dez meses de intensa procura.
O aluno explica que a busca começou a partir do tema de estudo de sua dissertação, dedicada ao resgate da memória do músico em Alagoa Grande. Ele percebeu o desconhecimento dos cidadãos locais quanto à sua história e importância para a cultura brasileira, a despeito da existência de símbolos que o homenageiam na cidade, como o pórtico em forma de pandeiro na entrada do município e o Memorial de Jackson do Pandeiro.
Ao entrevistar moradores, o mestrando identificou a controvérsia quanto à naturalidade do instrumentista. A partir disso, enquanto registrador titular do Cartório de Registro Civil de Alagoa Grande, iniciou uma busca que passou por Campina Grande e Recife (PE) até encontrar e comprovar a certidão original de nascimento de José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro. “Ele é filho de Alagoa Grande e o documento público que atesta isso é a Certidão de Nascimento cuja via foi doada por mim ao seu Memorial, onde todos os visitantes poderão agora confirmar essa informação”.
Getúlio Oliveira Filho destaca a representatividade de Jackson do Pandeiro à arte brasileira e enfatiza que sua memória precisa ser enaltecida sem quaisquer dúvidas ou lacunas. Ele também afirma a intenção de que o seguimento de seu trabalho não se limite ao campo teórico, podendo ganhar aplicações práticas implementadas pelos que trabalham com cultura em Alagoa Grande.
“Constatar que graças à minha pesquisa a dúvida sobre a origem do músico, que perdurou por anos, foi esclarecida, é maravilhoso para mim, enquanto pesquisador, e também para a UCS, como instituição que oferece o Mestrado Acadêmico em História, que possibilitou essa pesquisa. Jackson do Pandeiro foi um artista completo que alcançou reconhecimento nacional e serviu de inspiração para inúmeros outros artistas de renome”, conclui.
O mestrando faz parte de uma turma de 18 alunos do Mestrado Interinstitucional (MINTER) promovido pela UCS em parceria com o Centro de Educação e Pesquisa Almeida e Aguiar (CESAA), sediado em Campina Grande (PB). Com atividades no CESAA desde julho de 2022, os alunos já participaram de imersão em Caxias do Sul.