Após sofrer uma parada cardíaca e passar uma semana internado em um hospital de Botucatu (SP), morreu na quinta-feira (13), aos 68 anos, o cantor, instrumentista e arranjador Marco Antonio Gonçalves dos Santos, o Skowa, do Trio Mocotó e da banda Skowa e a Máfia, que fez sucesso na década de 1980.
“Me ensinou a escutar música sem equalizar, me chamou para escutar os arranjos de metal que estava fazendo para o Skowa e a Máfia, me convidou para colocar uma guitarra na música ‘Zumbi’. Fica uma história de amizade, música e amor”, escreveu o músico André Abujamra, um dos amigos que lamentou a morte do artista.
Nascido na Vila Mariana, em São Paulo, Skowa cresceu na casa de uma madrinha no Jardim Europa. Era uma casa musical –a madrinha estudava música erudita e era pianista.
Skowa decidiu o próprio destino ao ouvir Jimmy Hendrix. “Resolvi que era aquilo que eu queria fazer. Aí arranjei um violão”, contou em depoimento ao Museu da Pessoa.
O artista começou a tocar profissionalmente no meio da década de 1970 e foi um dos fundadores do Clube do Choro, em São Paulo. Montou o grupo de salsa Sossega Leão, tocou com o Premeditando o Breque, Itamar Assumpção, Gang 90 e as Absurdettes e Jorge Ben Jor.
Ele liderou a Skowa e a Máfia entre 1987 e 1991. “Foi a minha primeira verdadeira cria, em todos os sentidos”, afirmou ao Museu da Pessoa sobre a banda paulistana com influência da black music, som caribenho e samba.
O grupo ficou conhecido nacionalmente com o hit “Atropelamento e Fuga”, lançado em 1989. Fazia sucesso no Aeroanta e no Dama Xoc, casas noturnas que sediaram apresentações de artistas da cena alternativa paulistana.
“A gente punha no Dama Xoc três mil pessoas sem ter disco”, lembrou o músico no depoimento sobre sua trajetória.
Skowa e a Máfia terminou, segundo o multiartista, por falta de experiência dos integrantes com o sucesso.
“Perdi um amigo. Perdemos. Fica mais triste sem você, Skowa. Obrigada amigo. E que artista vibrante. Ensinando tanto sempre”, despediu-se a atriz Marisa Orth, que fez parte do grupo Luni, outro sucesso da década de 1980, assim como o Mulheres Negras e outras bandas que faziam parte de um movimento artístico jovem e efervescente.
“Maior respeito pelo amigo querido e grande artista de coração gigante. Certeza que onde ele estiver só deve ter amor, som e luz. Puxa vida, Skowa, aqui ficou mais besta”, lamentou Taciana Barros, ex-Gang 90 e Absurdettes.
O músico comandou programas na Rádio USP e foi ator de teatro e cinema. Estava no Trio Mocotó, banda histórica de samba-rock, desde 2003. Entrou no lugar de Fritz Escovão para compor o trio ao lado de João Parahyba e Nereu Gargalo.
O grupo fez sua última apresentação, com essa formação, no Festival Sesc de Cultura Negra, no Sesc 24 de Maio, no centro de São Paulo, no final do mês passado.
“A diversidade tem que ser prática, tem que existir em todos os sentidos. É bom que essas discussões deixaram de ser discussões de nicho e passaram a ser uma discussão geral”, afirmou Skowa sobre o tema do festival.
Ele deixa um filho e muitos amigos. “Que descanse em paz e agite no paraíso”, desejou o músico e podcaster Luiz Thunderbird.
Fonte: Folha de São Paulo