Um novo estilo musical pode estar surgindo no cancioneiro gaúcho. Algo que mistura a sofrência e a paixão ardente, comuns no sertanejo, com o velho e bom gauchismo que a gente já conhece. Essa semana, os cantores Joca Martins e João Luiz Correia lançaram a música “Pano de chão”, acompanhada de um divertido clipe produzido pelo Gustavo Brodinho, do estúdio Rec Neles. Na composição de Érlon Péricles e do próprio Joca, um taura lamenta a separação da prenda. “Ai, que dor no coração. Eu era toalha felpulda, hoje sou pano de chão”. “Queremos trazer a gurizada para o nosso lado de uma maneira alegre e divertida. Esta linguagem é do Rio Grande de hoje, e este Rio Grande também precisa ser cantado”, argumenta Joca.
O grupo de bailes do Paraná Paulinho Mocelin & Coração de Gaiteiro, acaba de lançar uma clipe na mesma linha. “Caminhonete Branca” retrata a história de um peão que decide vender o gado e a fazenda pra ir embora pra outro país, por causa de um amor não correspondido. Esse gauchismo com pegada sertaneja também está presente em “Homem de bombacha também chora”, e na apaixonada “Menino Campeiro”, que concorre a música do ano. “Esses jovens que nos escutam estavam à espera de algo que os tocassem de verdade. Mesmo estando na cidade ou na sala de aula, nossa música faz com que revivam suas origens interioranas”, explica Mocelin.
Essa tendência deve chegar com força na era do sertanejo universitário, mas não é novidade. César Oliveira e Rogério Melo, por exemplo, já gravaram “Saudade, prego na bota”. Faz dias que esta saudade me cutuca e me incomoda. Pior que prego na bota quando empeça (começa) a castigar, diz um trecho. “Nós sofremos preconceito, diziam que era apelativo. E não é nada apelativo”, defende César Oliveira.
Muito antes, Gildo de Freitas e Teixeirinha já utilizavam essa temática de amores e desilusões em suas músicas, caso de “Eu não sou convencido” (vamô acabá com esse apaixonamento, porque eu sou um gaúcho viajado) e “Falsa mulher” (somente estou chorando a falta tua, desesperado porque o teu novo amor vai te fazer a pior mulher da rua).
Ao resgatarem essa tendência, Mocelin, Joca e João Luiz mostram que só ficar lamentando o avanço do sertanejo não adianta. É preciso atitude. Com boas ideias e talento, há espaço para todos. Assista, ao clipe de “Pano de Chão”, com Joca Martins & João Luiz Corrêa:
Fonte: G1/ Foto: Gustavo Brodinho