
O Dia Internacional da Mulher, celebrado anualmente em 8 de março, não é apenas uma data comemorativa, mas um símbolo da luta histórica das mulheres por direitos, equidade e respeito. Essa data tem suas raízes em movimentos trabalhistas e feministas do final do século XIX e início do século XX, quando mulheres começaram a se mobilizar para reivindicar melhores condições de trabalho, direito ao voto e igualdade de oportunidades.
Apesar das inúmeras conquistas ao longo das décadas, a luta por igualdade de gênero ainda é um desafio global. Mulheres continuam enfrentando desigualdade salarial, barreiras no mercado de trabalho, sub-representação em cargos de liderança, além de altos índices de violência de gênero.
Neste artigo, exploraremos a origem do Dia Internacional da Mulher, os desafios enfrentados atualmente e as ações necessárias para promover um mundo mais justo e igualitário para todas.
1. A Origem do Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher, celebrado mundialmente em 8 de março, tem suas raízes nos movimentos feministas e trabalhistas do final do século XIX e início do século XX. Sua origem está diretamente relacionada às lutas das mulheres por direitos trabalhistas, igualdade salarial, condições dignas de trabalho e participação política.
1.1. Movimentos Internacionais e Consolidação da Data
Um dos eventos marcantes que impulsionaram a luta das mulheres ocorreu em 1908, quando cerca de 15 mil trabalhadoras marcharam pelas ruas de Nova York, nos Estados Unidos, reivindicando redução da jornada de trabalho, melhores salários e direito ao voto. O impacto dessa mobilização foi tão grande que, no ano seguinte, o Partido Socialista da América instituiu o primeiro Dia Nacional da Mulher, celebrado em 28 de fevereiro de 1909.
Em 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, Dinamarca, a ativista Clara Zetkin, uma das grandes vozes do feminismo da época, propôs a criação de um dia internacional para dar visibilidade à luta feminina por direitos. A proposta foi aceita por mais de 100 mulheres de 17 países, embora a data oficial ainda não estivesse definida.
O movimento ganhou força em 1917, quando trabalhadoras russas organizaram uma greve histórica em 8 de março, protestando contra a fome, a Primeira Guerra Mundial e o regime czarista. Esse evento ficou conhecido como a “Marcha das Mulheres de Petrogrado” e marcou o início da Revolução Russa de 1917. Em reconhecimento ao protagonismo feminino, o governo soviético oficializou o 8 de março como feriado nacional em homenagem às mulheres.
A data foi oficialmente reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, quando o ano foi declarado como o Ano Internacional da Mulher. Desde então, o 8 de março passou a ser um marco global de reflexão sobre os direitos das mulheres, celebrando conquistas e reforçando a luta por igualdade de gênero.
1.2. O Dia Internacional da Mulher no Brasil
No Brasil, a luta das mulheres por direitos também tem uma trajetória marcante e está diretamente ligada à conquista de espaços na sociedade. Durante grande parte da história, as mulheres foram excluídas da política, do mercado de trabalho e dos estudos formais, sendo restritas ao papel de donas de casa e cuidadoras.
Um dos primeiros marcos da luta feminina no Brasil ocorreu em 1932, quando as mulheres conquistaram o direito ao voto, durante o governo de Getúlio Vargas. Essa foi uma vitória histórica que garantiu às mulheres o direito de participar ativamente da política nacional.
Outro momento crucial foi a redemocratização do país, com a Constituição de 1988, que trouxe avanços significativos na garantia de direitos trabalhistas e civis para as mulheres, incluindo a igualdade de gênero perante a lei.
Além disso, a luta contra a violência doméstica ganhou força com a criação da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, que passou a punir com mais rigor os agressores de mulheres e estabelecer medidas protetivas para as vítimas.
Nos últimos anos, o Dia Internacional da Mulher no Brasil tem sido marcado por manifestações, debates e ações voltadas para a promoção da igualdade de gênero. Movimentos como a Marcha das Mulheres e campanhas contra o feminicídio, a desigualdade salarial e o assédio têm ganhado cada vez mais visibilidade.
2. Os Desafios Contemporâneos das Mulheres
Embora o Dia Internacional da Mulher seja uma celebração das conquistas femininas ao longo da história, ele também serve como um momento de reflexão sobre os desafios que ainda persistem. Apesar dos avanços legais e sociais, as mulheres enfrentam desigualdade estrutural em diversas áreas, como no mercado de trabalho, na política, na segurança e na divisão de responsabilidades domésticas.
A seguir, apresentamos os principais desafios enfrentados pelas mulheres na atualidade, com dados e reflexões sobre cada um deles.
2.1. Desigualdade Salarial e Mercado de Trabalho
A disparidade salarial entre homens e mulheres continua sendo uma das maiores barreiras à equidade de gênero. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ganham, em média, 22% a menos do que os homens no Brasil, mesmo quando ocupam cargos e funções semelhantes.
Essa desigualdade se torna mais grave para mulheres negras e indígenas, que enfrentam um duplo preconceito: racial e de gênero. Além disso, setores como tecnologia, engenharia e ciência ainda têm uma representatividade feminina muito baixa, sendo dominados majoritariamente por homens.
Principais barreiras no mercado de trabalho:
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- Diferença salarial entre homens e mulheres.
- Dificuldade de ascensão a cargos de liderança.
- Preconceito em áreas historicamente masculinas.
- Falta de políticas de inclusão e equidade de gênero nas empresas.
Soluções possíveis:
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- Implementação de políticas de igualdade salarial.
- Maior incentivo à presença feminina em áreas como STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
- Criação de programas de mentoria e capacitação profissional para mulheres.
2.2. Violência de Gênero e Feminicídio
A violência contra a mulher segue sendo uma das maiores crises sociais do Brasil e do mundo. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas no país.
A violência de gênero ocorre em diversas formas, incluindo violência doméstica, assédio moral e sexual, estupro, feminicídio e violência psicológica. Muitas mulheres enfrentam dificuldades para denunciar seus agressores devido à falta de apoio institucional e medo de retaliação.
Principais formas de violência de gênero:
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- Violência doméstica: Agressões físicas, psicológicas e patrimoniais dentro de casa.
- Assédio moral e sexual: No trabalho, transporte público e outros espaços.
- Feminicídio: O assassinato de mulheres por sua condição de gênero.
Soluções possíveis:
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- Fortalecimento da Lei Maria da Penha e criação de mais delegacias especializadas.
- Campanhas educativas para combater a cultura do machismo e da impunidade.
- Ampliar o acesso a centros de acolhimento e apoio psicológico para vítimas.
2.3. Sub-representação Feminina na Política e em Cargos de Liderança
Mesmo representando mais da metade da população brasileira, as mulheres ainda ocupam um número reduzido de cargos políticos e de liderança. No Congresso Nacional, apenas 17,7% das cadeiras são ocupadas por mulheres, um número muito inferior ao ideal para garantir uma representatividade equilibrada.
Nas empresas, a realidade não é diferente: apenas 5% das presidências das 500 maiores empresas do mundo são ocupadas por mulheres. O chamado “teto de vidro” ainda impede muitas mulheres de avançarem na hierarquia corporativa, seja por preconceito ou pela ausência de redes de apoio.
Principais barreiras:
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- Falta de apoio para mulheres na política.
- Menor acesso a cargos de liderança no setor público e privado.
- Cultura empresarial que prioriza homens para posições estratégicas.
Soluções possíveis:
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- Criação de cotas para mulheres na política.
- Incentivo a programas de liderança feminina nas empresas.
- Construção de redes de apoio para mulheres empreendedoras e gestoras.
2.4. A Duplicidade de Carga de Trabalho: Casa x Carreira
Um dos desafios mais silenciosos e, ao mesmo tempo, mais impactantes para as mulheres é a dupla jornada de trabalho. Mesmo quando trabalham fora, muitas ainda são as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado com os filhos.
Pesquisas do IBGE mostram que as mulheres dedicam, em média, 10 horas semanais a mais do que os homens a atividades domésticas. Essa sobrecarga dificulta o crescimento profissional e compromete sua qualidade de vida.
Principais impactos da dupla jornada:
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- Menos tempo para investir em educação e capacitação profissional.
- Aumento do cansaço físico e emocional.
- Dificuldade de conciliar carreira e maternidade.
Soluções possíveis:
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- Incentivar a divisão equitativa das tarefas domésticas entre homens e mulheres.
- Criar políticas de flexibilização do trabalho para mães e cuidadoras.
- Promover a licença parental igualitária, permitindo que pais também tenham mais responsabilidades nos cuidados com os filhos.
2.5. Falta de Acesso à Educação e Capacitação Profissional
A educação é um dos pilares mais importantes para a autonomia feminina. No entanto, muitas meninas e mulheres enfrentam dificuldades de acesso à escolaridade e capacitação profissional, especialmente em áreas rurais e comunidades de baixa renda.
A falta de incentivos para que mulheres ingressem em cursos técnicos e universitários contribui para sua menor presença em setores estratégicos da economia. Além disso, mulheres que engravidam cedo ou enfrentam dificuldades financeiras têm maior probabilidade de abandonar os estudos.
Principais barreiras educacionais para mulheres:
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- Menor acesso a cursos nas áreas de ciência, tecnologia e engenharia.
- Desigualdade no acesso à educação de qualidade.
- Dificuldade de conciliar maternidade e estudo.
Soluções possíveis:
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- Criar programas de bolsas de estudo para mulheres em situação de vulnerabilidade.
- Ampliar o número de cursos gratuitos e acessíveis para mulheres.
- Desenvolver projetos que incentivem meninas a entrarem em carreiras científicas e tecnológicas.
A Importância da Equidade de Gênero no Instituto Benjamin Constant
No Instituto Benjamin Constant (IBC), a valorização das mulheres é um compromisso essencial para a construção de um ambiente mais justo, inclusivo e igualitário. A presença e atuação das mulheres são reconhecidas e incentivadas em diversas áreas da instituição, desde a educação, saúde e pesquisa até arte, cultura, tecnologia e gestão.
A Comissão de Promoção da Igualdade Racial, de Gênero e Diversidade desempenha um papel fundamental na implementação de políticas institucionais voltadas à equidade de gênero, promovendo ações que garantam a participação ativa das mulheres, sua valorização profissional e a criação de oportunidades igualitárias.
O IBC reafirma seu compromisso com a igualdade de gênero, garantindo que todas as mulheres da instituição — alunas, servidoras, pesquisadoras e profissionais — tenham suporte, visibilidade e oportunidades iguais para seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Conclusão
O Dia Internacional da Mulher representa não apenas uma celebração das conquistas femininas, mas também um lembrete da necessidade contínua de transformação social. Ao longo da história, as mulheres lutaram arduamente por direitos fundamentais, como o acesso à educação, ao trabalho, à vida política e à segurança, e ainda enfrentam desafios diários para garantir a igualdade de gênero em todas as esferas da sociedade.
Apesar dos avanços legais e institucionais, a desigualdade salarial, a violência de gênero, a sub-representação em cargos de liderança e a sobrecarga da dupla jornada de trabalho continuam sendo realidades que limitam o desenvolvimento pleno das mulheres. Diante disso, é essencial que políticas públicas, iniciativas institucionais e a sociedade como um todo se mobilizem para garantir um futuro mais justo e equitativo para todas.
No Instituto Benjamin Constant (IBC), a valorização da mulher se reflete em ações que promovem a equidade de gênero em diversas áreas, incentivando a participação feminina no ensino, na ciência, na tecnologia, na literatura e nas artes. Além disso, reconhecer e fortalecer o papel das mães, professoras, pesquisadoras, servidoras e alunas dentro da instituição é um passo essencial para que todas tenham visibilidade, oportunidades e reconhecimento.
A construção de uma sociedade mais igualitária exige um esforço contínuo para quebrar estereótipos, eliminar barreiras estruturais e criar oportunidades reais para as mulheres. O compromisso com a igualdade de gênero não deve ser uma pauta pontual, mas sim um compromisso diário que envolve políticas institucionais, mudanças culturais e o fortalecimento da participação feminina em todos os setores da sociedade.
Que o 8 de março continue sendo um marco de luta, reflexão e avanços, impulsionando ações concretas para garantir que todas as mulheres tenham voz, respeito e igualdade de oportunidades. A transformação social começa com o reconhecimento do papel fundamental das mulheres e a construção de um futuro onde a equidade não seja apenas um ideal, mas uma realidade vivida por todas.
Fonte: Texto da Comissão de Promoção de Igualdade Racial, Gênero e Diversidade do IBC/Site gov.br