Foto: Boas relações no ambiente de trabalho são importantes, mas devem ser tratadas com maturidade - Fizkes /Adobe Stock

Criar laços com colegas de trabalho é algo comum. Eles fazem parte da sua rotina —e, provavelmente, você passa mais tempo com eles do que com familiares ou amigos.

Mas… Amizades no ambiente profissional devem ser tratadas de forma diferente das relações que você tem na sua vida pessoal. Seu objetivo no trabalho é entregar as tarefas para as quais você foi contratado. Quem nunca trabalhou pode ter uma visão romantizada sobre essas relações e acabar se prejudicando, diz Tamires Teixeira, mentora de carreira.

“A construção de relacionamentos é consequência do dia a dia, mas não deve ser o foco principal. Seu papel na empresa não é fazer amizade”, explica Teixeira.

O que pode dar errado e como evitar? Veja alguns exemplos de episódios negativos e quais cuidados tomar.

1. Confundir conflitos pessoais e de trabalho. Amigos podem trazer acontecimentos externos e ter desentendimentos inadequados para o ambiente profissional sobre questões que dizem respeito aos dois lá fora.

“Um profissional que expõe as intimidades da vida pessoal do outro colega, com quem brigou no trabalho”, exemplifica Teixeira.

Como evitar: crie uma expectativa baixa em relação àquela amizade dentro da empresa, diz Wanderley Cintra Jr., psicólogo especializado em comportamento no ambiente de trabalho. “Fora da empresa, somos muito amigos. Ali dentro, cada um segue seu caminho da melhor maneira possível.”

2. Vazamento de informações. Alguns cargos dentro de uma empresa têm a confidencialidade como obrigação. Ao compartilhar uma informação, você descumpre sua função. Isso pode te prejudicar em uma promoção ou até fazer com que você seja desligado.

Exemplo: alguém do RH contar para seu amigo que um profissional da área dele vai ser demitido.

Como evitar: tenha maturidade e entenda seu papel na empresa, orienta Teixeira. “A pessoa pode ser sua melhor amiga, mas, se a informação é confidencial do seu setor, você não deve compartilhar.”

3. Falta de credibilidade. Isso acontece principalmente em relações de superioridade, entre chefe e subordinado, por exemplo.

As pessoas podem questionar caso a liderança promova uma pessoa de quem é muito próxima, exemplifica Cintra, e o próprio chefe pode ficar com receio de dar um feedback assertivo para um amigo.

Como evitar: a liderança precisa ter critérios bem estabelecidos para tomar decisões, para não misturar questões pessoais. E mais: a relação entre as duas pessoas precisa ter muita clareza nos limites dentro do trabalho.

Mas… “Amizade com superior sempre é ruim”, argumenta o psicólogo. “Meu conselho é não se abrir muito. É importante a pessoa entender que o chefe dela nunca vai ser amigo, porque tem uma relação de hierarquia estabelecida primeiro.”

Tenha cautela com informações pessoais. Antes de falar sobre sua vida no trabalho, reflita: essa informação pode te deixar mais vulnerável? Ela pode te prejudicar no futuro? Se a resposta for sim, não compartilhe, diz Cintra.

Evite falar quando estiver muito sensível, bravo ou chateado.
Tenha amigos fora do trabalho. Não dependa de somente uma fonte de amizade. Procure vínculos fortes externos ao ambiente profissional para poder desabafar de verdade e compartilhar informações, orienta o psicólogo.

Caso você perca seu emprego, você precisa ter uma rede de apoio pronta para te ajudar.
Por último, saiba que nem tudo está perdido. Boas relações dentro do trabalho podem fazer diferença, se tratadas com maturidade. Ter um amigo pode aumentar seu engajamento e tornar o ambiente mais dinâmico e colaborativo, explica Tamires Teixeira.

Mas… “Você não precisa ser um livro aberto no seu trabalho para construir relações. Dá para impor limites e respeitar sua individualidade”, diz a mentora.

Uma habilidade essencial… Soft skills, independente da área em que atua. Comunicação, liderança, resolução de problema, etc, são técnicas que demandam prática e são diferenciais no ambiente de trabalho.

Um conselho para jovens profissionais… Dinheiro é importante, mas não pode guiar decisão de carreira. Decisão de carreira deve ser orientada por apego à visão da empresa, fit cultural e time.

Fonte: Folha de São Paulo