Nesta quarta-feira (12) foi iniciada a programação do SET Sul 2019, seminário regional da SET que tem percorrido as regiões do Brasil para promover debates e troca de experiências do setor de comunicação. A edição sulista é realizada em Curitiba (PR) e, neste primeiro dia, contou com o rádio como um dos destaques entre os painéis. A força e a capacidade de adaptação do rádio foram abordadas, assim como os novos hábitos de consumo da população.
No início da tarde, Cristiano Lobato Flores (ABERT), Luciano Costa Hoerbe (AGERT), Alexandre Barros (AERP) e Marcello Corrêa Petrelli (ACAERT) se dedicaram à um painel dedicado exclusivamente sobre o rádio. Nele foram destacados vários números que colaboram com o possível bom momento do veículo.
Por exemplo: a pesquisa da XP que indica o rádio como o meio de comunicação de maior credibilidade (64%, contra 61% da TV e do jornal impresso).
Flores destaca as virtudes do rádio, como a força local e a interatividade junto ao ouvinte, além do dinamismo do veículo. E afirma que essas virtudes podem ser “potencializadas com os avanços tecnológicos no setor, mas não se deve perder o lado humano do rádio. Se analisarmos pesquisas como XP e IBOPE, elas nos mostram que a população jovem, 25 a 34 anos vem consumindo cada vez mais conteúdo radiofônico e isso é fácil de entender devido à credibilidade, análises e comentários de qualidade. Isso mostra como o rádio continua pujante”.
Alexandre Barros, após detalhar os números positivos do setor, destaca que o mercado nunca contou com tantos aparelhos de rádios para as pessoas escutarem. “Precisamos produzir conteúdo de qualidade e educar o ouvinte para fazer uso das novas tecnologias. Talvez seja o melhor momento do rádio em toda a história. Isso tem que ser feito no ar e com os órgãos reguladores para que as plataformas sejam acessíveis ao nosso empresariado”, disse Barros.
Antes, Barros, que é presidente da AERP, mostrou a pesquisa da XP Investimentos que indica que 85% da audiência vem do aparelho analógico, tradicional; 18 % de celulares e 4% no computador. Em termos de local de consumo, 71% em casa, 21% em carros, 12% no trabalho e 7% em movimento (a pé ou de bicicleta, por exemplo).
Já Petrelli acredita que o grande desafio das estações é se posicionar perante os consumidores, considerando a existência de três gerações distintas. O presidente da ACAERT afirma que “os consumidores consomem e julgam de maneira diferente. Então, como reconstruir nossa imagem? Como iremos nos reposicionar? Pois tudo isso influência na credibilidade e confiabilidade dos recursos e dos serviços prestados”, questiona.
Luciano Costa, profissional do Grupo RBS e vice-Presidente de Marketing da AGERT fechou o painel ao destacar a importância de pessoas capacitadas para trazer soluções inovadoras para o segmento, além de lembrar que até as emissoras de TV tem feito rádio. “O rádio é imortal e maleável, consegue aderir facilmente a toda transformação tecnológica. A TV faz rádio. O Hora 1 é rádio, é uma estética de rádios populares, voltada para populações menos favorecidas”, afirma Costa.
Novos hábitos de consumo
No último painel do dia foram destacados os novos hábitos de consumo da população e os desafios que isso gera ao rádio e à comunicação de forma geral. Foi considerado o fato de que, cada vez mais, consumidores procuram produtos e conteúdo personalizados, sendo uma busca por experiências bem pessoais. E isso tem gerado um desafio considerável para a mídia e para o entretenimento.
José Frederico Rehme (SET, moderador do painel), iniciou a sua fala destacando que é necessário “se despir dos pré-conceitos de que TV, rádios e as mídias tradicionais são coisas antigas e que serão substituídas pelo mundo IP e começar a pensar em conteúdos relevantes nesses meios para os consumidores”.
Na sequência, Giovana Alcantara, profissional do Kantar Ibope Media, destacou aquelas que considera as principais limitações atuais, afirmando que “cada vez mais somos cobrados por resultados a curto prazo, fazer mais funções com menos gente. Eu chamo isso de Terceira Era de Consumo, onde existe três grandes limitações de capacidade”.
Segundo Giovana, a primeira limitação é a capacidade econômica, onde o PIB tem um crescimento desacelerado em relação há anos anteriores, algo que está atrelado à um crescimento menor da população. Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, em 2022 a população com mais de 60 será maior que a de até 14 anos.
A segunda limitação é a caridade de recursos naturais disponíveis. Giovana destaca os dados da Global Florest, entre 2001 e 2017, foram desmatados cerca de 373 milhões de hectares de floresta. Isso provoca na população uma maior preocupação com o meio ambiente, gerando um consumo mais consciente, além de uma maior valorização das relações e o crescimento de culturas colaborativas.
Por fim, como terceira limitação no consumo está capacidade cognitiva, está de maior impacto e interesse direto da comunicação. Giovana destaca que, com “o bombardeio constante de informação”, as pessoas passam a absorver somente aquela informação que ele considera relevante para si. Nesse caso torna-se mais importante que os veículos de comunicação produzam conteúdos realmente relevantes para as pessoas.
Luciano Costa, que também participou desse painel, fechou a programação destacando que “a grande revolução não será tecnológica e sim a comportamental. Se não houver uma integração dos diferentes setores das empresas, não haverá soluções. Por isso é preciso ouvir as pessoas para entender o momento e achar soluções”.
Fonte: Assessoria de Imprensa / Foto: Divulgação