A primeira pessoa a emprestar sua voz para a Siri chama-se Susan Bennet. Criada em Atlanta, Geórgia, nos Estados Unidos, a ex-cantora de jingles comerciais tornou-se uma atriz de vozpor acidente, após substituir um locutor para um comercial. Em 2005, ela gravou diversos conteúdos para a empresa de software chamada ScanSoft. Sem que ela soubesse, a Apple comprou os direitos autorais dessas gravações para utilizar a sua voz na sua assistente pessoal, a Siri.
Susan conta que o roteiro a surpreendeu. “Não era uma coleção de frases comuns, como ‘Obrigado por ligar’ ou ‘Por favor, digite 1’. Em vez disso, me passaram frases sem sentido como ‘Cow hoist in the tug hut today’ ou ‘Say shift fresh issue today’. Com estas frases, eles estavam tentando obter todas as combinações de sons no idioma inglês.”
O trabalho a deixou ocupada durante todo mês de julho naquele ano. “Talvez as primeiras cem frases tenham sido divertidas e interessantes, e depois disso tudo ficou bem cansativo”, conta Susan ao Business Insider. Seis anos depois, Susan descobriu que estava na Siri ao receber uma mensagem de um colega de trabalho que reconheceu a sua voz.
“Fiquei lisonjeada, claro, mas também preocupada, achando que a minha voz se tornaria tão onipresente que isso afetaria minha capacidade de conseguir outros trabalhos. Eu adorava minha carreira de locutora e não queria ser classificada como a voz da assistente virtual”, conta.
Com as inúmeras versões de idiomas e regiões, a Apple necessitava de outros atores de voz. Susan conta que conheceu John Briggs, famoso locutor da BBC na Inglaterra, que foi escolhido para ser a Siri em seu país e teve a mesma surpresa de Susan ao ver sua voz sendo utilizada pela empresa.
Como não foram remunerados pela Apple, os locutores começaram a se autopromover.
“Eu comecei a participar de programas de televisão, dei uma palestra TEDx e dava entrevistas no rádio. Não é algo que eu esperaria estar fazendo há 15 anos, mas tem sido muito divertido, disse Susan.
Diante da falta de reconhecimento da Apple, Susan explica não haver como medir os trabalhos que posso ter perdido ao dar voz à Siri. Mas ela prefere ver o lado positivo. Para Susan, tem sido divertido “ser” a Siri. “Isso me deu muitas oportunidades maravilhosas que eu não teria de outra forma, então não tenho reclamações. Mas gosto de brincar que, se todo mundo que tem um iPhone me enviasse um dólar, isso seria uma boa remuneração”.
Fonte: Globo