
Pesquisadores investigam um túnel gigante cavado por animais pré-históricos em uma vinícola de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Esses tipos de cavernas são alvo de cientistas e têm o nome de paleotocas.
Os especialistas já realizaram duas visitas científicas ao local, que fica no interior do município, a cerca de 20 quilômetros da região central da cidade.
A paleontóloga Ana Maria Ribeiro afirma que animais distintos podem ter habitado o espaço, como preguiças ou tatus gigantes.
“Poderia ser a preguiça gigante, que tinha formas que podiam alcançar até cinco, seis metros de altura. Poderiam ser os ungulados, esses antigos parentes e de grande porte dos tatus. Tatus gigantes, mas a gente não pode descartar também a possibilidade de ser algum carnívoro”, afirma.
América do Sul é referência
Paleotocas gigantes são uma exclusividade da América do Sul, de acordo com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Essa ocorrência é incomum em outros continentes por conta do desenvolvimento geológico das regiões.
Até 2013, o Rio Grande do Sul abrigava mais de 600 paleotocas. Hoje, o número chega a cerca de 1 mil, segundo especialistas. A maioria delas se encontra em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Ele também afirma que a caverna de Santana do Livramento é o achado mais ao sul do país.
“No Uruguai, por uma questão geológica e geomorfológica, mesmo tendo a mesma fauna, com grandes mamíferos, eles nunca puderam deixar essas marcas em paleotocas. Se tivemos, já não as temos”, revela.
Descobertas na Região Metropolitana
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Duas “paleotocas” foram encontradas em Campo Bom; na foto, o professor Heinrich Theodor Frank e o secretário João Flávio da Rosa — Foto: Gabriel Silveira/Prefeitura de Campo Bom
Em 2020, duas paleotocas foram descobertas em Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre. As aberturas tinham três e seis metros.
Os achados ocorreram durante um trabalho de terraplanagem para a instalação de uma fábrica. Uma equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi ao local e encontrou os túneis.
Após as pesquisas, os cientistas descobriram que os túneis eram habitados por um tipo de preguiça gigante.
Após a catalogação, a obra foi liberada ao proprietário, já que não havia indicativo na legislação ambiental sobre conservação desse tipo de evidência.
Fonte: G1