O verão 2022/2023 começa nesta quarta-feira (21) no Hemisfério Sul às 18h48 (hora de Brasília). A estação tem início com o Pacífico Equatorial Central ainda sob a influência do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial e que tanto impacto trouxe no clima nos últimos meses.
É o terceiro verão seguido que começa com La Niña, mas que já atingiu seu pico de intensidade em outubro. A tendência não é de a La Niña persistir o verão inteiro, como ocorreu nos últimos dois verões, e o episódio do fenômeno deve chegar ao fim no decorrer da estação com o Pacífico entrando em estado de neutralidade (sem La Niña ou El Niño).
Confira a tendência climática de chuva, temperatura, temporais e vento da MetSul Meteorologia para o verão de 2023 no Rio Grande do Sul:
O verão de 2023 vai apresentar a comum irregularidade da chuva da estação no Rio Grande do Sul com significativa variabilidade nos totais de chuva de uma área para outra. Neste verão, a estação começa com chuva ainda mais irregular do que o normal com valores abaixo das médias históricas e déficit de precipitação em muitas áreas. Em algumas regiões gaúchas, no decorrer da nova estação, a estiagem pode atingir níveis de moderada a forte. Com isso, partes do estado devem voltar a enfrentar problemas de falta de chuva mais volumosa com perda de produtividade nas safras de verão, diminuição dos níveis dos rios, risco de escassez de água para consumos humano e animal e mais decretos de emergência por seca, além de risco acentuado de incêndios em vegetação (queimadas).
A despeito do quadro de chuva irregular, devem ser esperados episódios pontuais de chuva volumosa a excessiva, de curta duração, e com características ou localizadas ou regionalizadas. Em regra, acompanham temporais passageiros de verão em dias quentes e mais úmidos, mas também podem ocorrer por ciclones ou, no caso do Litoral Norte, por fluxo de ar úmido do oceano.
No caso do verão de 2023, a Metade Norte do Rio Grande do Sul e áreas mais próximas da costa devem ter mais chuva, apesar de irregular, que o Sul, o Centro, a Campanha e o Oeste que terão um risco de estiagem maior. Portanto, nas praias, o Litoral Norte terá mais chuva que os balneários do Litoral Sul. Com padrão mais chuvoso no Leste catarinense e paranaense, o Litoral Norte gaúcho deve ter, inclusive, risco de períodos de excesso de chuva.
TEMPORAIS NA ESTAÇÃO
O verão é a época em que tradicionalmente ocorrem pancadas localizadas e passageiras de chuva que se dão, em regra, da tarde para a noite em dias de calor e umidade alta. Não raro chegam são acompanhadas de temporais, alguns fortes de vento e granizo, e podem despejar volumes altos de chuva em curto período com transtornos nas cidades por alagamentos. Casos mais extremos, sobretudo em dias de calor muito intenso com marcas entre 35ºC e 40ºC, trazem até tempestades severas com estragos por granizo, chuva excepcionalmente volumosa em curto período, vendavais, tornados e correntes descentes violentas de vento (downburst).
Como este verão não deve ser tão seco como o último, com maior número de dias de mais alta umidade, a perspectiva é que ocorram mais temporais de verão que em 2022, especialmente do Centro para o Norte gaúcho.
VERÃO QUENTE, MAS NÃO COMO O ÚLTIMO
A MetSul projeta estação com temperatura acima da média histórica na grande maioria ou totalidade das cidades gaúchas com algumas jornadas de calor muito intenso em que as máximas devem ficar próximas ou até superarem os 40ºC em partes do estado. Como se antecipa um verão com alguns períodos secos e alguns até longos, e uma vez que longos intervalos secos tendem a favorecer extremos de calor, é alta a probabilidade que se registrem ondas de calor neste verão, não se descartando uma intensa.
Eventos de calor extremo e mesmo incomuns pela grande intensidade das ondas de calor devem ser registrados no Centro e no Nordeste da Argentina, onde a estiagem pode ser forte a severa. Como consequência, o Oeste, Centro e Sul gaúcho devem experimentar eventos ou maior número de dias de calor muito intenso e com extremos de temperatura.
Apesar deste cenário, a MetSul Meteorologia enfatiza que neste verão de 2023 é improvável que se registre onda de calor com a severidade e a duração da registrada no último mês de janeiro, quando o Rio Grande do Sul anotou 15 dias seguidos com máximas acima de 40ºC e máximas de quase 45ºC em estações particulares.
O VENTO NO VERÃO
A La Niña também interfere no vento no Rio Grande do Sul. Os pulsos de ar frio de trajetória marítima atuarão em alguns momentos sobre o Atlântico Sul perto da costa gaúcha e o vento “Nordestão” nas praias se fará presente em nosso litoral, para o incômodo dos veranistas.
Por outro lado, como neste verão espera-se temperatura mais alta do mar na nossa costa com ingresso da Corrente do Brasil favorecido pelo quadro de precipitação deficiente a partir de frentes frias que chegam fracas ou mesmo desviam do Estado, os veranistas tendem a enfrentar menos dias com Nordestão e vão desfrutar mais dias com mar claro e quente.
Neste verão, especialmente na segunda metade da estação, e no começo do outono, devido à menor divergência de vento na atmosfera resultante do tempo mais seco e menor frequência de frentes frias com a estiagem, há um risco muito aumentado de formação de ciclones atípicos na costa do Rio Grande do Sul e do Sul do Brasil, seja de natureza subtropical ou mesmo tropical, raros na nossa climatologia.
Fonte: MetSul Meteorologia