No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre a dieta planetária.
Uma alimentação baseada nos preceitos da dieta planetária é capaz de ajudar na preservação das funções cognitivas em pacientes adultos. Essa conclusão só foi possível graças a um estudo inédito realizado por pesquisadores da USP em parceria com outros centros de pesquisa no Brasil. Em particular, os efeitos protetores deste regime foram pronunciados entre pessoas com mais de 60 anos, revelando seu potencial como intervenção preventiva.
A dieta planetária consiste em uma alimentação predominantemente feita com legumes, verduras, frutas e cereais integrais. Por outro lado, esse regime é feito com base no baixo consumo de carnes, especialmente as vermelhas, ovos, cereais refinados e tubérculos. Ela foi pensada por uma comissão científica não só para trazer benefícios para a saúde humana como também pensando nas possibilidades de produzir comida para oito bilhões de pessoas de forma sustentável para a Terra.
Durante a pesquisa, os especialistas observaram uma diferença de comportamento entre diferentes grupos socioeconômicos. Participantes de renda alta tiveram maior aderência à dieta planetária do que aqueles mais pobres, e, por consequência, foram os que disfrutaram de maiores benefícios.
A pesquisa conduzida por seu grupo mostrou uma diferença nos itens mais consumidos por cada grupo social. Enquanto os mais ricos deram preferência a carne de porco, alimentos integrais, castanhas e vegetais verdes escuros, entre os pobres o feijão e as frutas tiveram maior popularidade. Essa mudança na composição do prato faz diferença em termos de benefícios finais.
O trabalho revela de forma inédita a associação entre essa dieta e benefícios cognitivos e foi publicado na revista científica Nature Aging. Na pesquisa, mais de 11 mil pacientes de seis diferentes instituições públicas brasileiras foram acompanhados por oito anos em média, período no qual passaram por três avaliações. Em cada uma delas preencheram um questionário sobre os hábitos alimentares do último mês e passaram por testes de cognição para avaliar a memória, a linguagem e as funções executivas.
Embora seja extenso, o trabalho tem limitações importantes. Em primeiro lugar, o questionário usado para avaliar a alimentação pode ter imprecisões, já que está suscetível à capacidade de memória e estimativa dos participantes e as respostas podem ser enviesadas. Além disso, os participantes, todos empregados de instituições públicas brasileiras, não oferecem uma representação fidedigna da população brasileira.