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No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre a alimentação e o câncer.

Maioria dos alimentos tem associação com câncer, mas as evidências são fracas e ambíguas. O exame crítico das evidências é necessário para restabelecer o real papel da alimentação na prevenção de doenças. Os cientistas selecionaram 50 ingredientes comuns de receitas aleatórias, obtidas num livro de culinária, e avaliaram sua relação com o risco de câncer.

Foram encontrados artigos associando o consumo de 40 desses ingredientes (80%) ao câncer. De 264 estudos, 191 (72%) concluíram que o alimento testado estava associado a um aumento (n = 103) ou a uma diminuição (n = 88) do risco. Porém, 75% dessas alegações foram baseadas em evidências fracas (efeitos pequenos ou nulos, análises estatísticas imprecisas, definições confusas sobre o que seria um consumo alto ou baixo de determinado alimento etc).

Outro dado de destaque no estudo é que, para os 20 ingredientes mais investigados pela ciência, 17 apresentaram evidências ambíguas. O leite, por exemplo, pode aumentar seu risco de câncer em mais de 400%. Ou quem sabe reduzi-lo em 70%. Escolha sua evidência e cruze os dedos.

O estudo da alimentação populacional é obviamente valoroso. Mas, como sugere Ioannidis, é preciso que a área trabalhe para aprimorar seu rigor metodológico (melhor controle de variáveis de confusão, priorização de estudos longitudinais, avaliação de padrões alimentares em vez de alimentos específicos etc), sob pena de enfrentar o descrédito.

Ao caro leitor interessado nas novidades do mundo da nutrição, vale a máxima: desconfie de tudo que é muito bom para ser verdadeiro. E também do que é muito ruim.