A primeira vista, parece obra de ficção científica mas não é. É mais uma ‘obra ousada’ da natureza. Ele é conhecido como peixe olho-de-barril, ou barreleye (Macropinna microstoma). O nome deriva do formato tubular dos olhos, lembrando um barril. E é sobretudo considerado pelos biólogos um dos grupos de peixes mais peculiares e desconhecidos do reino pelágico (fundo do mar).
Pudera, antes de mais nada, sua cabeça é transparente permitindo ver os órgãos internos. De acordo com o earthlymission.com, esta é uma configuração única. E desde sempre provocou curiosidade. Descoberto o mistério do peixe com cabeça transparente.
Mistério do peixe com cabeça transparente é descoberto
Em primeiro lugar, os biólogos sabiam muito pouco sobre essa criatura descrita em 1939. Tudo que conheciam é que seus olhos tubulares eram eficientes para coletar a luz. Entretanto, consideravam que os olhos estavam fixos no lugar e forneciam apenas uma ‘visão de túnel’, ou seja, estreita.
Então, em 2009, pesquisadores do Monterey Bay Aquarium Research Institute (MBARI) observaram um peixe olho-de-barril vivo. Ele foi trazido à superfície com sucesso por várias horas. Durante a observação, os biólogos descobriram algumas revelações chocantes.
Bruce Robison e Kim Reisenbichler demonstraram que os olhos incomuns podem girar dentro de um escudo transparente que cobre a cabeça do peixe. Isso permitindo que ele espie uma presa em potencial ou se concentre para ver o que está comendo.
A cada dia que passa novas descobertas marinhas são feitas, algumas parecem bizarras para o nosso parco conhecimento.
A adaptação do peixe ao escuro fundo do mar
Os peixes do fundo do mar – o olho-de-barril vive a uma profundidade de cerca de 750 metros ou mais, adaptaram-se ao seu ambiente escuro como breu de uma variedade de maneiras incríveis.
Por exemplo, os pesquisadores notaram que os olhos do animal não eram apenas de aparência estranha. Mas, também eram verdes. Do mesmo modo, acreditam que a coloração os ajuda a filtrar a luz do sol da superfície muito acima. Provavelmente também permite detectar o brilho bioluminescente de sua presa acima.
Barreleyes normalmente vivem em profundidades onde a luz do sol se desvanece para a escuridão completa. Contudo, usam seus olhos tubulares ultrassensíveis para procurar as silhuetas tênues de presas acima deles.
Embora esses olhos tubulares sejam muito bons para coletar luz, eles têm um campo de visão de certo modo estreito. Até agora os cientistas acreditavam que os olhos da criatura estavam fixos em suas cabeças e miravam direto acima deles.
Isso, no entanto, tornaria impossível para o peixe ver o que está à frente. E seria especialmente difícil capturar uma presa com sua boca pequena.
Ao que parece, os olhos realmente giram. Isso levou biólogos a acreditarem que o olho-de-barril olha para cima para detectar as sombras fracas de sua presa em potencial e, em seguida, fixa seus olhos para frente enquanto se levanta lentamente para encontrar a vítima.
A cabeça transparente
Em relação à estranha cabeça transparente, os pesquisadores descobriram que ela esta preenchida com um fluido formando um escudo transparente. As descrições anteriores do olho-de-barril não mencionaram sua cabeça em forma de bolha, muito provavelmente porque ela foi destruída pela pressão quando o peixe veio à tona.
No entanto, Robison e Reisenbichler foram capazes de trazer vivo um olho-de-barril capturado pela rede. O peixe sobreviveu por várias horas em um aquário a bordo de um navio.
Desse modo, neste ambiente controlado foi possível confirmar que o peixe girou seus olhos tubulares ao virar o corpo da posição horizontal para a vertical.
Outras características incomuns
Suas barbatanas grandes e planas permitem que permaneçam quase imóveis na água e manobrem com muita precisão.
Contudo, as bocas pequenas sugerem que podem ser muito precisos e seletivos na captura de presas de pequeno porte. Ao mesmo tempo, seus sistemas digestivos são grandes, indicando que podem comer uma variedade de pequenos animais à deriva, bem como águas-vivas.
Os peixes olho-de-barril (microstoma Macropinna) preferem as águas temperadas do oceano. Esses animais habitam profundidades de 600 até 800 m nos oceanos Atlântico, Pacífico e até mesmo o Índico. Geralmente vivem e caçam sozinhos. Eles se reproduzem pela fertilização externa dos ovos. Isto é, os machos e as fêmeas liberam, respectivamente, seus espermatozoides e óvulos na água que, então, os fertiliza e amadurece. Eles se alimentam de águas-vivas, outros sifonóforos e crustáceos. Quando são jovens, também se alimentam de zooplâncton.
Assista ao vídeo e saiba mais sobre esta estranha espécie: