Foto: Ábaco, instrumento milenar utilizado para fazer contas/Yury Zap/Adobe Stock

Palavras cruzadas, jogos e até o uso de redes sociais são formas de treinar o cérebro e a cognição. Analógicos ou digitais, esses estímulos exigem energia da mente para leitura, compreensão e assimilação das informações, explica a bióloga e neurocientista Lívia Ciacci, palestrante do Método Supera, de ginástica para o cérebro.

A seguir, veja dicas de atividades da neurocientista, que destaca os pontos positivos e negativos de cada uma delas:

Palavras cruzadas
Tem diferentes níveis de dificuldade e pode ser encontrado em revistas nas bancas de jornal, na internet e nos aplicativos de celular. Promove um treino de linguagem interessante para estimular o vocabulário e a memória em todas as fases da vida. Com a idade, temos a tendência de perder a habilidade de fluência verbal, então todo exercício de linguagem é bem-vindo para manter o cérebro afiado. No entanto, tem limitações quanto ao efeito de estímulo da capacidade cognitiva, principalmente se a pessoa ficar estagnada em um nível de dificuldade fácil. Também pode ser difícil se a pessoa já tem algum grau de demência.

Xadrez
Desde o primeiro contato com as regras até vencer uma partida, o aprendizado do jogo requer o envolvimento de funções cognitivas complexas, como memória de trabalho, visão espacial, raciocínio abstrato, controle inibitório, planejamento e tomada de decisão. O reforço dessas funções por meio do aprendizado de xadrez vai impactar positivamente em muitas outras atividades diárias que utilizam essas mesmas regiões do cérebro. O ponto negativo é que, por ser um jogo cheio de regras, com diversas peças caracterizadas por movimentos diferentes, o aprendizado depende de dedicação e foco. Tal aprendizado será mais eficaz se houver um professor ou mediador experiente auxiliando.

Leitura
Ser alfabetizado e ler significa construir um circuito novo no cérebro, apto a integrar diversas informações sensoriais para dar significado às palavras. Ter o hábito de fazer leituras em profundidade —livros em papel, textos com vocabulários ricos— fortalece a capacidade de pensar e torna a pessoa cada vez mais apta a aprender e se desenvolver. Quando for ler um texto publicado na internet, fique atento às fontes e à veracidade das informações para não ser vítima de fake news. Procurar assuntos do seu interesse e autores que incentivem o pensamento crítico.

Jogo de damas
Tem regras e dinâmicas um pouco mais simples que o xadrez. Além de existir o jogo físico com baixo custo, está disponível em diversos aplicativos. Trabalha bastante o pensamento flexível e estratégico, uma vez que é necessário planejar as jogadas para prever o que o oponente poderá fazer depois. O problema é que depois de o jogador se acostumar a ele, precisará jogar com pessoas diferentes para que fique mais estimulante.

Ábaco
É um instrumento milenar utilizado para fazer contas. Ajuda a desenvolver agilidade de raciocínio por meio de cálculos matemáticos visuais, e não apenas abstratos como na matemática convencional. O treino com o ábaco promove alterações de plasticidade no cérebro que aumentam a eficiência do processamento de informações em regiões relacionadas visual-espaciais, que consequentemente ampliam o desempenho de diversas outras redes neuronais integradas. É preciso ser persistente para não desistir no primeiro obstáculo e treinar para desvendar o ábaco de forma gradual e assertiva.

Redes sociais
São boas para acompanhar a rotina de familiar e amigos, principalmente os que vivem longe. Também é possível acompanhar causas e se envolver em debates interessantes, estimulando o conhecimento. No entanto, é preciso tomar cuidado com informações falsas propagadas nas redes sociais que, além de desinformar, podem gerar medo e ansiedade. A dinâmica de vídeos curtos e rápidos, por exemplo, coloca o cérebro em constante estado de alerta. Acompanhar o dia a dia de celebridades que parecem levar uma vida perfeita também pode gerar comparações e gatilhos emocionais.

Ginástica para o cérebro
É uma metodologia que organiza os pontos positivos de jogos e atividades que estimulam o cérebro, promovendo práticas em grupo. Os princípios de novidade, variedade e grau de desafio crescente, somados às competências socioemocionais, estimulam as funções cerebrais. Por ser um curso pago, é preciso organizar a agenda para não faltar às aulas.

Fonte: Folha de São Paulo