Esse hormônio é usado tanto para o crescimento como na musculação. Entenda como ele funciona nesses casos.
Quando se fala de hormônios, geralmente, as pessoas os associam com mulheres, já que qualquer mudança de humor feminino parece ser culpa dos hormônios, ainda mais no período de gravidez.
Mas a verdade é que todos nós temos hormônios e sem nosso sistema endócrino, que produz os hormônios, não conseguiríamos viver muito mais que alguns dias.São os hormônios que controlam tudo, desde as nossas sensações de fome até a forma como nosso coração bate quando estamos com medo.
Um deles é o GH, o hormônio do crescimento. Foi ele que, de acordo com a PF, o fisiculturista e empresário Renato Cariani usou dados de crianças para comprá-lo com desconto.
Esse foi o mesmo hormônio que Lionel Messi usou na infância para tratar problemas de crescimento, que ele descobriu que tinha aos nove anos.
Vendo essas duas situações as pessoas podem se perguntar qual é a relação do hormônio tanto com a musculação como ao crescimento, e quais são os riscos de usar o GH sem indicação.
A primeira coisa a ser entendida é o que de fato ele é. De acordo com o endocrinologista e metabologista José Marcelo Natividade, o GH é produzido naturalmente pela glândula pituitária e tem um papel importante no crescimento e desenvolvimento do corpo.
“Ele é produzido pelas células somatotrópicas da hipófise anterior e liberado de maneira pulsátil para a corrente sanguínea”, explicou.
Quando é indicado?
Ainda conforme Natividade, o GH é indicado em determinadas situações. São elas:
- Quando há deficiência ou ausência do hormônio, o que resulta em baixa estatura e normalmente é diagnosticada entre os três e quatro anos.
- Síndromes como a de Prader-Willi.
- Síndrome de Tanner.
- Síndrome do intestino curto.
- Tumores de hipófise.
“Seus principais efeitos indesejados seriam formigamentos, dores musculares, aumento dos níveis de colesterol, retenção hídrica, síndrome do túnel do carpo, hipertensão, zumbido em ouvidos”, disse Natividade.
Quando a deficiência do GH causa baixa estatura, como é o caso de Messi, o tratamento com o hormônio deve ser feito entre a infância e a puberdade porque é a época em que ainda não existe uma fusão ou fechamento das cartilagens do crescimento. Por conta disso, fazer a reposição hormonal pode ter mais chances de dar certo.
Hormônio na musculação
Desde abril de 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu os médicos de receitarem anabolizantes para fins estéticos. Mesmo assim, conforme Natividade, é comum atender pessoas que os usaram sem nenhuma indicação para esse fim.
O endocrionologista explica que, mesmo não sendo indicado, as pessoas buscam o GH através de meios ilegais por conta da sua capacidade de promover o crescimento muscular e ajudar na recuperação pós-exercício.
“O GH é essencial para o crescimento e desenvolvimento corporal. Na musculação, ele estimula a síntese de proteínas musculares, resultando em ganho de massa magra”, explicou ele.
Suplementação
Assim como o GH, a testosterona também é bastante usada na suplementação para fins estéticos, sendo usada para ganhar mais massa magra, perder gordura, aumentar o desempenho na prática e elevar a libido. E mesmo que essa suplementação pareça ser menos perigosa no caso dos homens, até porque eles produzem naturalmente o hormônio, ela também tem seus riscos.
“Os efeitos colaterais incluem queda de cabelo, desenvolvimento de acne, surgimento de neoplasias [câncer], aumento da pressão arterial, do risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e de infarto”, disse Marcelo Franken, da cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
Por conta disso que, de acordo com o médico, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe o uso de suplementos para fins estéticos.
Entretanto, existem casos em que os homens têm seu nível de testosterona abaixo do normal. Essa condição é chamada hipogonadismo e pode trazer sintomas como diminuição da vitalidade, da força muscular, da densidade mineral óssea, da libido, sinais de depressão e ansiedade, disfunção erétil, dificuldade em chegar ao orgasmo, entre outros.
Esse caso é confirmado através de exames de sangue e então um médico pode indicar a suplementação. No entanto, é imprescindível que a pessoa tenha um acompanhamento periódico com o profissional. “Mesmo os pacientes que necessitam de doses extras do hormônio por razões médicas correm mais risco de apresentar problemas cardíacos”, afirmou Franken.
Justamente por isso que ter o acompanhamento médico é importante para que o controle seja feito durante muito tempo. “É importante que esse paciente realize exames frequentes de fatores ligados à saúde cardiovascular, da quantidade de glóbulos vermelhos e das enzimas do fígado por pelo menos seis meses, para que seja possível verificar como o seu organismo está reagindo. E, é claro, precisamos analisar detalhadamente a quantidade indicada e até quando a pessoa precisa fazer uso da substância”, pontuou Gustavo Daher, endocrinologista e coordenador médico do programa ambulatorial do Einstein.
Fonte: VivaBem, Galileu